| 16/03/2008 21h24min
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista dos Cartões Corporativos mal começou a funcionar e já corre o risco de ser esvaziada. Motivo: os partidos de oposição ameaçam abandonar a CPI em represália à decisão da base aliada de rejeitar qualquer requerimento com a quebra do sigilo de gastos feitos com cartões corporativos pela Presidência da República. Um enredo que aproxima as investigações com os cartões com a CPI das ONGs.
— Não podemos legitimar a farsa. Se não for quebrado o sigilo desses gastos, a CPI não se justifica — argumentou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Depois da Semana Santa, o PSDB e o DEM pretendem se reunir para decidir qual atitude vão tomar em relação à CPI. A oposição está dividida sobre abandonar a comissão de inquérito.
— Se sairmos, vamos estar entregando o ouro ao bandido. Eu não saio, vou até o final — afirmou neste sábado o deputado Vic Pires Franco (DEM-PA).
Parlamentares da base aliada alegam
que a ameaça de a oposição abandonar a CPI não
passa de uma estratégia para inviabilizar os trabalhos e, dessa forma, acabar com a comissão de inquérito. Os governistas argumentam que a oposição não quer investigar as chamadas contas tipo B em nome de um funcionário que emite cheques e — recebe os depósitos.
— A oposição quer criar um álibi para abandonar a CPI — acusou o deputado Silvio Costa (PMN-PE), um dos integrantes da tropa de choque do governo na CPI dos Cartões Corporativos.
Sigilo
Os gastos feitos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), pela Polícia Federal, pelas Forças Armadas e pela Presidência da República são considerados sigilosos.
— São gastos heterodoxos com a segurança do Estado — observou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Com maioria folgada de votos na CPI, os parlamentares da base governista já avisaram que vão derrubar todos os requerimentos que abrem o sigilo das contas secretas. Na
primeira semana de funcionamento da CPI, a base aliada não rejeitou logo as
propostas de abertura do sigilo das contas secretas para não ser acusada de estar enterrando a comissão de inquérito. Um acordo entre governo e oposição pôs a CPI em "banho maria" com a aprovação de requerimento que pede o envio dos gastos não secretos feitos nos últimos dez anos nas contas tipo B e nos cartões corporativos.
Dados apresentados pelo relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), apontam gastos de R$ 1,160 bilhão com o suprimento de fundos. Desse total, R$ 1 bilhão foi por meio de contas tipo B e R$ 160 milhões com os cartões corporativos.
Nesta segunda semana de funcionamento, a CPI dos Cartões Corporativos vai se dedicar a ouvir o depoimento de autoridades do governo. Nesta segunda-feira, a comissão de inquérito ouvirá o ex-ministro do Planejamento Paulo Paiva, que comandou a pasta entre 1998 e 1999, época em que foram criados os cartões corporativos.
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