| 15/03/2008 07h24min
Para o Inter, o jogo desta tarde, no Beira-Rio, é a chance de um novo recomeço. Vencer o São José, jogando bem, teria o significado de uma recriação. Absolveria, ainda que parcialmente, a inditosa passagem por Caxias do Sul, reabilitando parte da auto-estima perdida nas curvas da Serra. Assim funciona o futebol se movido apenas pela paixão. Na verdade, já existem indícios que, por reiterados, seriam mais do que suficientes para justificar mudanças no time. Quem já os identificou terá boas razões para não festejar um eventual bom desempenho esta tarde. A verdade mascarada protela soluções e o resultado, quase sempre, é catastrófico. Acaba acontecendo em ocasiões decisivas e irrecuperáveis. Coloca-se, então, o conflito: o Inter precisa ganhar para embaçar os efeitos da tragédia de Caxias, mas seria perdendo, novamente, que se imporia, naturalmente, a necessidade de transformações. Recomeçar, vê-se, pode não ter o mesmo sentido de começar outra vez.
Novidade
Muitos torcedores
revelam justificada perplexidade diante das críticas da imprensa ao Internacional, sucedendo a dias de louvores e aclamações. Sem dúvida, parece oportunismo, rebocado pelos resultados. Esta, porém, é uma questão um pouco mais complexa e que deve ser considerada em suas várias facetas. É verdade que o Inter vinha sendo chamado de carrossel e muito elogiado. O contexto, entretanto, não pode ser ignorado. Jogar bem enfrentando equipes fracas não inibe o elogio e, tampouco, exige que, paralelamente às louvações, sejam colocadas, após cada jogo, precariedades técnicas do certame.
- O Inter vinha jogando lindamente, sim senhor. Mesmo assim, este colunista já havia registrado, várias vezes, restrições sobre alguns titulares do Inter, fato que provocou desgostosas reações de colorados. Está escrito, é só buscar. Porém, apesar de algumas individualidades que andam comprometendo o time colorado, as vitórias vinham acontecendo, o time jogava bem e ganhava. A conseqüência era inevitável: elogios.
-
Seria cabível depreciar todas as vitórias e boas atuações da dupla Gre-Nal em nome da inferioridade técnica da maioria dos adversários enfrentados? A resposta é: sim, porque estas restrições cabem tanto para o Inter quanto para o Grêmio, embora só fossem ser percebidas e admitidas, mais tarde. Lembram o caso dos garotos prodígio de alguns anos atrás? Se alguém quiser saber ou projetar o futuro das duas equipes em competições como a Copa do Brasil, Copa Sul-Americana e, principalmente, Brasileirão, será inevitável considerar que este Gauchão pouco significa para avaliações e prognósticos. E que não é demasia alguma cobrar desempenhos mais convincentes e não, apenas, resultados.
- O contexto no qual se distribuem elogios para a dupla Gre-Nal é o Gauchão. Entretanto, se um dos candidatos ao título perde duas vezes para a mesma equipe do Interior, uma vez por goleada, é inevitável que seja criticado e aflorem todas as restrições, percebidas ou suspeitadas. Uma derrota pode ser de ocasião,
mas
duas...Este time, projetado em cenários futuros, mostra-se merecedor de desconfianças e pouca fé. É a novidade que coloca o Inter em um patamar de avaliações diferente de onde estava. Não é difícil entender.
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