A União Européia (UE) não passou qualquer orientação ao governo espanhol para que endurecesse o controle de imigração de latino-americanos, africanos do Norte ou europeus do Leste, assegura o embaixador do bloco no Brasil, João Pacheco.

Segundo deputados que se reuniram na quarta-feira com o embaixador da Espanha no Brasil, Ricardo Peidró, essa seria uma das justificativas para a intensificação das repatriações de brasileiros nas últimas semanas. Em coletiva à imprensa na última terça, Peidró não foi tão específico mas admitiu que os europeus cobram da Espanha o fato do país ser porta de entrada de imigrantes ilegais.

— Não há qualquer diretiva, nem pode haver qualquer diretiva européia, de que se torne mais difícil a entrada desse ou daquele grupo de pessoas — garantiu Pacheco: — Os brasileiros são muito bem-vindos na União Européia e espero que isso assim continue.

O embaixador da UE no Brasil frisou que as normas são as mesmas para os 25 países que integram o Espaço Schengen, ou seja , o território formado pelos países do bloco, onde é livre a circulação de pessoas, sem terem que parar nas fronteiras e apresentar passaporte. Só é necessário ser portador de um documento legal. O Espaço Schengen não se relaciona com a livre circulação de mercadorias.

— Com relação a brasileiros e a todos os outros países em que não pedimos visto, é possível um guarda de fronteira, em qualquer país da União Européia, pedir documentação que ateste que a pessoa está efetivamente fazendo uma visita privada ou como turista e que tem meios de subsistência. Isso é normal, qualquer país tem isso nas suas regras para visitantes — ponderou o diplomata.

Sobre a possibilidade da exigência de visto evitar a frustração de uma repatriação, Pacheco deixou claro que a União Européia não pretende fazer esse tipo de exigência a cidadãos brasileiros:

— Nossa avaliação é que não é necessário ter uma política de vistos. Vistos normalmente estão associados a situações em que há uma grande imigração ilegal, que cria problemas no país que recebe.