| 22/02/2008 10h46min
O chanceler brasileiro, Celso Amorim, afirmou em entrevista ao jornal argentino Clarín que os problemas na insuficiente oferta de gás boliviano para satisfazer as demandas de Argentina e Brasil podem ser solucionados com maiores investimentos na Bolívia.
— O principal é fazer mais investimentos na Bolívia. A Petrobras já anunciou que deseja investir mais de US$ 1 bilhão para aumentar a capacidade de produção. (...) Penso que se deve falar de investimentos porque é a melhor maneira de ajudar a Bolívia e sua estabilidade — afirmou Amorim.
A questão do fornecimento de gás será abordada neste sábado em Buenos Aires pelos presidentes da Bolívia, Evo Morales, da Argentina, Cristina Fernández, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou à capital argentina na quinta-feira para realizar uma visita de Estado.
A atual produção boliviana de gás ronda os 40 milhões de metros cúbicos diários, que subirão este ano a 42 milhões, frente a uma demanda do
mercado externo e interno de 46 milhões
de metros cúbicos. A Bolívia envia entre 27 milhões e 30 milhões de metros cúbicos diários de gás ao Brasil e tem um acordo pelo qual envia à Argentina até 7,7 milhões de metros cúbicos diários, mas atualmente o país não está conseguindo cumprir este contrato, deixando de fornecer às autoridades argentinas entre 2 e 3 milhões, segundo o Clarín.
A demanda dos dois países é crescente, e no próximo inverno podem se repetir situações de desabastecimento, como ocorreu em anos anteriores. A reunião entre os três presidentes foi convocada por Morales para resolver em conjunto como repartir a oferta disponível.
— A disposição de ajudar a Argentina na questão do gás sempre vai existir. Há algo que a opinião pública às vezes não capta e é que os problemas de energia são resultantes de uma virtude: como os países crescem, a demanda de energia é maior — afirmou Amorim.
No entanto, admitiu que "se amanhã o Brasil fornece gás ou eletricidade e há um problema de
abastecimento no Brasil, aí haverá
outro problema". O chanceler lembrou que "o Brasil, quando houve um momento de grande crise na Argentina, de grande dificuldade, forneceu de várias formas o gás diretamente ou eletricidade, tudo o que era necessário para a Argentina naquele momento".
Amorim acrescentou que, além de maiores investimentos na Bolívia, é necessário um trabalho conjunto entre Brasil e Argentina "em outras áreas de energia, inclusive a nuclear".
Lula fará hoje uma reunião bilateral com Cristina Fernández, na qual, além de falar sobre o fornecimento de gás, tratará outras questões, como a fabricação conjunta de um veículo militar, o lançamento de uma satélite comum, a cooperação nuclear e a igualdade de direitos para residentes dos dois países. Os dois presidentes almoçarão depois na sede da Chancelaria argentina, e à tarde Lula visitará a Corte Suprema, o Parlamento e o Palácio do Governo de Buenos Aires.
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