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 | 28/01/2008 05h57min

Ruy Carlos Ostermann: A perda de Nilmar

A imagem é uma das mais antigas do futebol tanto na TV quanto no estádio. Nilmar deu uma arrancada e prosseguiu numa corrida na direção do fundo do campo do São José. Seu marcador corria a seu lado, por dentro. Talvez fosse acontecer de os dois chegaram juntos à linha de fundo. Então seria o jogo, um drible, a devolução da bola ou até mesmo um chute enviesado a gol para um companheiro que entrasse por dentro. Assim é a vida, assim é o jogo. Mas não foi: Nilmar teve de parar, a perna esquerda endureceu, era um feixe de músculos dos mais sensíveis e frágeis, o músculo adutor posterior da coxa. O diagnóstico ainda incompleto será feito hoje depois das compressões do gelo e da medicação antidor.

Abel Braga se queixava com razão que não conseguia repetir o time de Dubai, que é a melhor síntese coletiva alcançada por este grupo. Ontem, no Passo dAreia, faltavam Orozco e Fernandão, e mesmo que estivesse voltando o inestimável Edinho, o técnico sabia o peso da sua última perda. Nilmar depende das avaliações de hoje, mas a experiência de fato como a que o acometeu é de que fique curando a lesão durante semanas. Não é a mesma coisa do que perder um zagueiro ou um jogador de meio-campo: Nilmar é a referência do ataque e nas suas principais virtudes - a resolução do lance em alta velocidade e a plena compreensão do que está acontecendo ao redor - e não tem substituto.

Engenharia
Quase como um presságio negativo, o principal jogador do Inter no Passo dAreia, autor de gols, passes e da criativa construção do meio-campo, o versátil Alex caiu se apoiando mal no calcanhar, sentiu dores, teve de ser medicado, mas voltou para o encerramento do jogo e tudo deve ter sido como acontece num jogo de futebol. Alex foi indispensável para harmonizar a equipe e para fazer gols e manter uma qualidade que os times vencedores precisam ter: a imposição técnica e o controle inteligentes de todos os caminhos da bola. Redimiu-se do acanhado jogo da semana e deu provas de que os argumentos da quinta-feira terminaram na quinta-feira.

Como sempre no futebol valeu muito a improvisação da zaga que promoveu a volta de Índio, a promoção de Sidnei como terceiro zagueiro e a exuberância de Marcão na esquerda. Wellington Monteiro e Ramon foram alas muito ativos e participantes, Edinho sustentou o eixo do meio-campo e muita coisa fluiu por causa disso. Mas não tivesse Alex o talento que tem e toda essa engenharia seria insuficiente.

Limite
O que mais se ouviu no sábado do Grêmio foi que faltou pouco para ser um desastre. Vê com uma jogada engendrada por Willian Magrão, que ganhou a bola e o direito de chegar na frente do gol, mas o time padeceu o tempo todo de soluções mais qualificadas. Teve empenho, mas foi lento, especialmente no primeiro tempo, e sempre burocrático nas soluções de defesa ou de ataque. Não tenho um armador, disse de certa forma o técnico Vagner Mancini. Não tem mesmo, está se curando de lesão e só poderá jogar no próximo mês. É o Roger, mais do que nunca ele. Mas falta também Perea, se o colombiano for mesmo o centroavante que Reinaldo, Tadeu ou qualquer outro não é, e talvez não possa ser. O time do Grêmio vive um momento delicado e difícil, bem mais do que se tem podido ver no campo onde, afinal, se mantém invicto.


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