A produção de gás natural na área da Petrobras em Júpiter, na Bacia de Santos, garantirá a auto-suficiência do país no combustível, disse nesta terça-feira o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella. Segundo ele, "obviamente" o campo não garantirá sozinho a auto-suficiência, "mas será de importância relevante".

O diretor afirmou, porém, que a área só deverá estar apta para entrar em operação em cerca de seis anos, ou seja, somente a partir de 2014. Indagado sobre a perspectiva da área também possibilitar que o Brasil passe a exportar gás natural, Estrella foi reticente:

— Esta não é uma decisão da empresa. É uma decisão estratégica do país e quem vai decidir se o gás será exportado ou não será o governo federal — disse, lembrando que o país sofre com déficit de gás e que depende desse insumo para o seu crescimento econômico.

Curinga

A Petrobras vai entrar nas negociações sobre aumento de preço do gás natural com a Bolívia usando o campo de Tupi e, especialmente, a recente descoberta de gás na área de Júpiter, como curingas para demonstrar uma menor dependência do país vizinho.

— É claro que estamos numa situação mais confortável para iniciar essas conversas do que se não tivéssemos as descobertas — admitiu Estrella.

Ele rechaçou as especulações que circularam no mercado de que a Petrobras poderia ter forçado a divulgação dessa nova descoberta numa época em que estava com suas ações desvalorizadas na bolsa ou que se encontra prestes a se reunir com representantes bolivianos para iniciar uma nova rodada de negociações.

A estatal quer antecipar para até o final deste ano a realização dos testes de longa duração que permitirão a produção de 40 mil barris por dia na área de Tupi. Segundo o diretor, apesar da empresa ter até 2010 para declarar comercialidade da área à Agência Nacional do Petróleo (ANP), os técnicos "estão correndo contra o tempo para viabilizar essa operação ainda neste ano". Segundo ele, se isso não for possível, a operação está certa para ocorrer no primeiro trimestre de 2009.

Ainda para Tupi, a Petrobras planeja instalar na área um sistema-piloto, a partir de 2010, com capacidade para produzir 100 mil barris por dia de óleo e que demandará a contratação de uma outra unidade para o campo.