| 10/01/2008 05h10min
A frase é do lateral-direito — ou seria volante? — Jonas, emblemática para o Inter multiuso que ganhou a Copa Dubai e agora se enche de esperança de voltar à Libertadores em 2009. Com a mochila do treino às costas, ele sai do elevador que dá acesso aos quartos do hotel do Al Jazira, dentro do estádio Mohammed Bin Zayed, em Abu Dhabi:
— A minha posição de origem? Boa pergunta: sabe que não sei mais?
Jonas, 20 anos, já jogou nas duas laterais, em todas as posições do meio-campo e até como terceiro zagueiro em sua curta carreira. Como é reserva do volante Wellington Monteiro — outro improvisado —, pouco fala-se dele. Mas é um bom exemplo para definir a condição privilegiada do técnico Abel Braga.
Todos os titulares são capazes de desempenhar múltiplas funções com qualidade. Até Renan, cuja habilidade com os pés é acima da média, volta e meia se posiciona como líbero, se o time está muito à frente.
— É tendência mundial. Eu já
joguei nas quatro posições do meio-campo. Não é por
nada que treino chute a gol e cruzamento. Cada dia posso estar em um lugar — diz Magrão, prato de pudim na mão e a caminho do quarto, após jantar. — Na hora de contratar, os dirigentes perguntam isso ao jogador. Hoje em dia é assim.
Assim, com um grito bem dado à beira do campo, sem precisar recorrer às substituições, Abel pode alterar o time do 4-4-2 para o 3-5-2. Ou se resguardar, colocando três zagueiros, seis no meio-campo. Neste caso, Fernandão recua e deixa só Nilmar na frente. Como no 1 a 0 sobre o Stuttgart.
— Nunca tive na mão um time tão versátil como este. No ano passado, quando voltei, havia nove zagueiros no grupo. Nove! Não dava nem para fazer coletivo direito — lembra Abel, saudando o grupo enxuto e, paradoxalmente, com mais alternativas.
O exército de curingas também movimenta a vida no andar de baixo. Os reservas já perceberam a nova realidade. É o caso do zagueiro Danny Morais, 22. No começo do ano, Abel perguntou se ele não
queria se exercitar como volante. Danny
aceitou o desafio. Na Copa Dubai, entrou no segundo tempo — como volante.
— É matemático: se eu jogar em mais de uma função, dobram as minhas chances de entrar no time. Tem um monte de zagueiro bom na minha frente — resume Danny.
Novas contratações confirmam
busca por jogadores curingas
Agora mesmo, na ausência de Guiñazu: se fosse escalar os titulares no amistoso contra o Al Jazira, sábado, Iarley entraria no time. E nova reengenharia teria início. Fernandão seria puxado para o meio, Alex iria para a esquerda e o ataque formaria com Nilmar e Iarley. Quase um 4-3-3. Os novos reforços se enquadram nesse conceito. Bustos é ala ou lateral pelos dois lados. Andrezinho é meia ou atacante.
— Este pode ser o nosso diferencial este ano — suspira o vice de futebol Giovani Luigi, entre um e outro gole de café no treino noturno em Abu Dhabi.
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