A partida entre Botafogo e Figueirense, realizada no dia 23 de maio, valendo vaga para a final da Copa do Brasil, no Maracanã, não sai da cabeça da auxiliar de arbitragem Ana Paula Oliveira.

 

Não pela polêmica em torno dos dois gols que ela anulou do time carioca, eliminado pelo alvinegro catarinense, mas sim pela sua atuação, classificada por ela como "sem erros".

 

Neste domingo, quando as duas equipes voltarem a se enfrentar, pelo Campeonato Brasileiro, Ana Paula não estará no Engenhão, nem em nenhum outro estádio da rodada. Considerada uma das revelações da arbitragem brasileira nos últimos anos, Ana Paula, 29 anos, não conseguiu mais espaço nas escalas, desde aquele confronto histórico no Rio de Janeiro.

 

Ana considera-se vítima de preconceito e, por isto, viu a sua carreira sofrer um revés exatamente no seu melhor momento. Para ela, se alguém errou naquele jogo foi o goleiro Júlio César.

 

– Tinha que sobrar para alguém e sobrou pra mim. Na minha opinião, fiz uma partida perfeita, sem erros, inesquecível – disse.

 

A ira dos botafoguenses

 

A derrota e a conseqüente eliminação do Botafogo provocou a ira de dirigentes e torcedores cariocas, sobretudo do então vice-presidente de futebol, Carlos Augusto Montenegro. O cartola disparou críticas pesadas à atuação da auxiliar, responsabilizando-a diretamente pela eliminação do seu time.

 

Coincidência ou não, o fato é que Ana Paula sumiu das escalas. Pior: foi "punida" pela Federação Paulista de Futebol (FPF) com a escalação para a Quarta Divisão do certame estadual.

 

Para agravar a situação, ela perdeu, este mês, o escudo da Fifa, em mais um episódio considerado por ela como preconceituoso. Ana Paula se recupera de lesão por estresse nas duas fíbulas e, mesmo assim, foi escalada para os exames de avaliação física da Comissão de Arbitragem da CBF. Machucada, não participou dos testes. Sem eles, foi considerada "reprovada".

 

Momento de recuperação

 

Agora, Ana Paula precisa recuperar o tempo e o espaço perdidos:

 

– Vou me recuperar e retomar a minha carreira em 2008, pelo menos é o que a FPF me garantiu.

 

Enquanto o ano não vira, Ana Paula segue outros caminhos. Cursa o quarto ano de jornalismo da Faculdade Holyer, em Hortolândia, interior de São Paulo, e participa de eventos. Nesta semana, será árbitra numa partida promocional no Desafio Sagatiba, durante o Banco Cruzeiro do Sul Challenge, que está acontecendo no Club Med, em Itaparica, Bahia.

 

Apesar da lesão, diz que tem condições físicas para atuar e disposição de sobra para voltar a aparecer nas escalas da CBF. No Maracanã, no Engenhão ou em qualquer outro estádio brasileiro.

DIÁRIO CATARINENSE