Uma das faces mais fascinantes do futebol é a sua infindável capacidade de renovar a esperança do torcedor. Nem bem foi superada a frustração da quinta-feira e os colorados já estão desfrutando a reiterada expectativa de que o Inter poderá sair de São Januário com uma reabilitadora vitória. Não se trata de uma perspectiva afinada com a biografia do time no campeonato e, menos ainda, com a sua força atual. Porém, pensa a torcida, é sempre possível que, a qualquer momento, se ouça um estalo e a equipe comece a funcionar. Mesmo que, decorridas 34 rodadas da competição e nove meses de disputas, ainda não se tenha escutado este estalido lá pelas bandas do Beira-Rio. Mas pode, sim, acontecer no Rio de Janeiro, contra o Vasco da Gama, embora não seja provável. Na comunidade colorada, como há muito tempo não acontecia, a esperança teima em não morrer.

O salvador

Nilmar acompanhou a delegação colorada, em condições físicas de participar de parte do jogo contra o Vasco. Tudo indica que o atacante poderá transformar o Inter em um time vencedor, novamente. Mas, ao mesmo tempo, nada poderia pesar mais sobre Nilmar do que a responsabilidade de ser um salvador da pátria vermelha. É impossível que possa oferecer resposta compatível com as suas possibilidades técnicas antes de disputar, pelo menos, uma dezena de jogos. Embora os colorados acreditem que Nilmar, com um pé amarrado às costas e a outro calçando tamanca, possa render mais do que qualquer atacante que esteja tinindo, no Beira-Rio.

Bolivar e Muricy

Alguns leitores brincalhões escrevem cobrando deste colunista hosanas ao treinador Muricy Ramalho. Encaro divertido estas provocações pois são manifestações de descarado oportunismo. Além disso, eu nunca disse que Muricy seria o pior treinador do mundo. Apenas teimoso e chato. Querem uma prova? Aí vai: durante vários meses critiquei Muricy por não escalar Bolívar, o melhor zagueiro disponível no Beira-Rio, segundo o meu entendimento. Muricy, teimosa e burramente, manteve Bolívar na reserva, apenas utilizando-o quando não tinha outra alternativa. Ainda assim, muitas vezes, na lateral-direita, onde era um jogador comum. Foi Abel Braga quem o "descobriu" firmando-o como zagueiro titular. A notícia que circula, agora, dá conta de que Muricy Ramalho está pedindo ao São Paulo que contrate Bolívar, atualmente no Monaco, da França. Aplaudam!

Imagens inúteis

As imagens que circulam na internet mostrando os incidentes acontecidos em Curitiba, após o jogo entre Grêmio e Atlético, têm o valor de uma nota de três reais. A agressão que Tcheco teria sofrido, convenientemente para os agressores, não aparece nas imagens disponíveis. Incrivelmente, elas mostram, apenas, o jogador sendo contido pelos seguranças do Grêmio. Na briga ocorrida no aeroporto, as câmeras não focavam os brigões no momento do conflito. Nova conveniência. Portanto, não será pelas imagens conhecidas que se saberá como começaram os desentendimentos.

Final

Pela atual fórmula do Brasileirão, não existe um jogo decisivo na última rodada da competição. A final, entretanto, aconteceu e foi prestigiada por mais de 70 mil torcedores, no Morumbi. Ela apenas não foi realizada no último dia do campeonato. Convenhamos que não faz muita diferença... para quem ganha. Perdedores sempre encontram razões para reclamar.