Por três votos de diferença sobre o candidato apoiado pela atual direção, o advogado Raul Régis de Freitas Lima, 62 anos, foi eleito ontem à noite novo presidente do Conselho Deliberativo, em substituição a Mauro Knijnik. Ex-vice de futebol e jurídico, Régis somou 130 votos, contra 127 de Luiz Carlos Lopes Madeira. O candidato Zélio Hocsmann fez 15 votos. Três conselheiros votaram em branco. Marcada por rumores sobre a renúncia de Paulo Odone caso Madeira não vencesse, a eleição contou com a presença de 275 dos 300 conselheiros.

A vitória de Raul Régis, que terá André Krieger como vice, provocou euforia entre os grupos Grêmio Imortal e Unido e Grêmio Sempre, que o apoiaram. O resultado, comemorado com os mesmos hinos cantados no Olímpico em dia de jogos, reverte uma tendência que havia sido plasmada no final de setembro. Naquela ocasião, durante a eleição que renovou metade do Conselho, os grupos Grêmio Novo e Grêmio Independente, apoiadores de Madeira, haviam conquistado a maioria de votos.

Evasivo nas entrevistas, Odone alimentou os comentários sobre sua saída. A amigos, ele teria revelado sua indignação com críticas feitas por partidários da chapa de Régis a respeito da forma como vem conduzindo o projeto da futura arena do clube.

Ao interpretar o resultado, alguns conselheiros afirmaram que o fato de Luiz Madeira se dividir entre Brasília e Porto Alegre foi decisivo para sua derrota.

— Odone é um democrata. Tenho certeza de que ele não disse que iria renunciar — afirmou Raul Régis, que declarou ter concorrido contra o "cavalo do comissário", numa alusão ao apoio de Odone a Madeira, seu concorrente.

Emocionado, ele disse que sua eleição para presidente do Conselho encerra um ciclo de 40 anos dentro do Grêmio, iniciado na década de 60, no departamento jurídico. Na década de 90, ele chegou a integrar a diretoria de Paulo Odone.

Apoiador de Régis, o ex-presidente Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo, saudou a independência dos eleitores, "que não se deixaram influenciar por pressões externas".

— Não se rasga a história. O Grêmio tem que ter várias correntes — afirmou Cacalo, também definindo Odone como democrata, "acostumado com eleições".

Antônio Carlos Azambuja, Luiz Onofre Meira, Alberto Bretano, Luiz Gustavo Schmitz, Flávio Jacobus e Roberto Sommer foram eleitos para o Conselho Fiscal. Ontem, em meio à euforia pela vitória, anunciava-se que eles pedirão uma discussão mais aberta sobre a criação da Grêmio Empreendimentos, empresa que irá gerir a construção da arena. O objetivo de Odone é desvincular-se da presidência do clube para assumir a Grêmio Empreendimentos.