| 16/08/2007 14h49min
A CPI do Apagão Aéreo do Senado ouviu Denise Abreu, diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e o brigadeiro José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero, demitido após a posse do novo ministro da Defesa, Nelson Jobim.
O brigadeiro acusou Denise de fazer lobby para transferir os setores de cargas dos aeroportos de Congonhas e Guarulhos para Ribeirão Preto para beneficiar um amigo empresário.
Em seu depoimento, Denise disse que sua indicação para o cargo decorre de longa trajetória na função pública. Ela explicou que é uma das diretoras da Anac e não a única desse colegiado. Também defendeu os integrantes da Anac, ao falar sobre seu trabalho naquela instituição.
Formada em Direito pela PUC de São Paulo, Denise Abreu disse que vem de família de classe média e informou não ter atividade partidária. Contou ainda que é amiga de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil e ex-deputado federal, que perdeu o mandato devido ao escândalo do mensalão, e que assessorou o então governador de São Paulo, Mário Covas, em funções "eminentemente sociais".
Discórdia sobre transferência de vôos de cargas para Ribeirão Preto
Pereira disse ainda que é contra a transferência de vôos de carga do Aeroporto de Congonhas, na capital paulista, e de Viracopos, em Campinas (SP), para o Aeroporto de Ribeirão Preto, no interior do estado. Segundo Pereira, a Infraero perderia muito com tal transferência, pois é a instituição que administra os Aeroportos de Congonhas e Viracopos e a carga aérea é o setor que mais cresce, proporcionando cerca de R$ 250 milhões este ano.
Por sua vez, Denise afirmou que é calúnia a denúncia de que ela tentou beneficiar um empresário e que estaria interessada em transferir os vôos de cargas para Ribeirão Preto, pois não existe sequer terminal de cargas no aeroporto da cidade. O aeroporto, informou, não é internacional e nem poderia ganhar tal licitação.
Em 2002, o Comando da Aeronáutica habilitou como internacional o Aeroporto de Ribeirão Preto (SP) Leite Lopes, mas este não pode ser nunca um aeroporto internacional, afirmou a diretora da Anac.
Ela contou que a licitação foi feita em São Paulo e um empresário ganhou a licitação para um dia ter um terminal alfandegado no aeroporto, mas este não foi construído até agora. O Ministério Público de São Paulo autorizou, em abril de 2004, o início da construção do terminal alfandegado, mas, até então, não existe qualquer obra no aeroporto, informou Denise.
Mas o ex-presidente da Infraero reiterou que existe tal interesse.
– Existe interesse enorme em levar carga aérea para Ribeirão Preto, que é do indivíduo que foi lá e ganhou a licitação – afirmou Pereira.
O ex-presidente da Infraero afirmou também que as licitações feitas para obras no setor, na época em que assumiu o cargo, só eram liberadas quando havia certeza sobre a correção dos preços. Ele observou, porém, que assumiu a presidência da Infraero em substituição a Carlos Wilson e que encontrou obras interditadas devido a irregularidades.
– Peguei o bonde andando – disse, em resposta ao relator da CPI, senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Pereira disse, inclusive, que chegou à Infraero para ser diretor de Operações e só posteriormente assumiu a presidência do órgão. Ele admitiu que encontrou muitas obras interditadas por problemas de irregularidades nas licitações, citando o aeroporto de Vitória (ES), onde empreiteiras chegaram a paralisar a obra.
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