| 19/06/2007 09h20min
A Aeronáutica admitiu ontem que houve falha no sistema de controle aéreo durante o incidente envolvendo o avião do presidente Fernando Henrique Cardoso e um jato da TAM. As duas aeronaves estiveram a 24 segundos de uma colisão no ar, em junho de 2002. Alertados pelo sistema anticolisão, os pilotos fizeram manobras evasivas quando estavam a cerca de 9,8 quilômetros de distância e a mais de 700 km/h.
Segundo o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, "houve falha operacional no controle de tráfego aéreo", mas não foram fornecidos detalhes sobre quais erros teriam motivado a aproximação perigosa entre os dois jatos. Domingo Zero Hora revelou com exclusividade como o Sucatinha, um Boeing 737-200 da FAB, com o então presidente Fernando Henrique a bordo, quase colidiu no ar com o Fokker 100 da TAM, que se preparava para aterrissar em Brasília, vindo de São Luís (MA), com 108 passageiros e cinco tripulantes. O Sucatinha recém havia decolado rumo a Tucuruí, no Pará. Segundo o major
Adolfo Aleixo,
assessor do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, o piloto do Fokker viu o Sucatinha voando em sentido contrário e na mesma altitude.
– A 10 quilômetros você consegue ver um avião. E o piloto da TAM disse que viu um avião passando – relata o oficial.
Aleixo negou, entretanto, que a aproximação ocorreu por falhas no sistema de comunicação por rádio entre os jatos e os controladores. No momento do incidente, as aeronaves sobrevoavam o setor nordeste do aeroporto de Brasília. Controladores ouvidos por ZH, porém, afirmam que os problemas de contato por rádio no local são freqüentes e que o equipamento só teria voltado a funcionar após os dois jatos se cruzarem. A mesma reclamação sobre as falhas no setor nordeste foi feita à CPI por controladores interrogados durante sessão sigilosa.
Centros teriam controladores inexperientes
Para o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao
Vôo, Jorge Botelho, é provável que tenha ocorrido erro do
controlador que monitorava o vôo do presidente, mas ele critica a Aeronáutica por admitir inexperientes:
– Eu já sabia desse episódio, e pode ter havido falha do controlador. O problema é que a Aeronáutica tira o corpo fora, mas comete um erro grave ao colocar gente inexperiente em centros de controle. Depois fica fácil dizer que o controlador errou.
Conforme o major Aleixo, o caso teria sido arquivado por não ter representado risco de colisão aérea. ZH solicitou à Aeronáutica cópias do relatório e das transcrições das conversas entre os pilotos e os controladores, mas não obteve retorno. A assessoria de comunicação da TAM informou que enviou à Aeronáutica todos os documentos referentes ao incidente e que já não tem registro do caso em seus arquivos. O relator da CPI do Apagão Aéreo na Câmara, deputado Marco Maia (PT), pretende solicitar hoje à Aeronáutica cópia do relatório das investigações sobre o incidente.
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