| 28/05/2007 18h08min
Após ouvir quatro controladores de vôo que estavam em serviço no dia do acidente que levou à queda do Boeing 737-800 da Gol, o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo no Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), disse que o sistema de controle aéreo é falho, mas que uma das principais causas do acidente foi um erro do sargento Jomarcelo Fernandes, controlador do Cindacta 1, de Brasília.
O controlador foi o único denunciado pelo Ministério Público por homicído doloso. Os controladores Lucivando de Tibúcio Alencar e Leandro José dos Santos Barros, também ouvidos nesta segunda pela CPI, foram denunciados por homicídio culposo.
O Boeing se chocou com um jato Legacy no dia 29 de setembro do ano passado, provocando a morte de 154 pessoas, todas a bordo do avião da Gol. A crise do setor aéreo no país começou no fim de outubro, depois que os controladores de vôos iniciaram protestos contra o afastamento de colegas para a realização de
investigações sobre o acidente
– A
causa do acidente foi humana, principalmente de Jomarcelo. Eu não tenho dúvida de que ele cometeu uma falha que foi decisiva. Os pilotos do Legacy também contribuíram decisivamente – disse Demóstenes.
Durante o depoimento, Jomarcelo admitiu que ouviu do piloto do Legacy, pouco antes deste passar por Brasília, que a aeronave estava a 37 mil pés – a mesma rota do Boeing – apesar de o sistema acusar 36 mil pés. O sargento, que no momento monitorava outros quatro vôos, permitiu que o jatinho continuasse na altitude de 37 mil pés. O controlador negou, no entanto, que tenha cometido erros ou dado pouca atenção à situação. Jomarcelo admitiu que podem ter ocorrido falhas, mas culpou o sistema, que induziria os militares ao erro:
– O sistema é falho, há sobrecarga de trabalho. Não confio no sistema, e por isso o controlador deve estar sempre à frente. O sistema induz ao erro, é falho, pisca, duplica aviões. Eu trabalho sempre com uma carta na manga – disse o sargento, que negou
ainda ter problemas para
se comunicar em inglês.
– Ele nega que alguém tenha agido de forma proposital, mas ficou evidente que ele teve informações de que o piloto estava a 37 mil pés. Ele foi imperito – concluiu o relator da CPI.
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