| 22/05/2007 14h57min
Depois de quatro horas de reunião, a Mesa Diretora da Câmara e os líderes partidários aprovaram a proposta do líder do PDT, Miro Teixeira (RJ), de requisitar ao Ministério Público e à Polícia Federal os autos do inquérito da Operação Navalha. A intenção é saber se existe uma lista de parlamentares que teriam recebido propina.
– Estamos requisitando a transferência de todos os sigilos das duas operações e das que vierem. Fiscalizar é uma função constitucional do Legislativo – disse Miro.
O líder pedetista evitou fazer muitos comentários sobre o envolvimento de seu colega de partido e governador do Maranhão, Jackson Lago.
– Não temos pré-julgamentos. Os culpados pagarão. No caso de Lago, eu desejo ardorosamente que ele seja inocente, mas, se for culpado, que sejam aplicadas as penas da lei.
O líder do governo, José Múcio Monteiro (PTB-PE), disse que chegou a ser levantada a hipótese de se criar uma CPI mista para investigar
os resultados da operação da PF, mas a maioria dos
líderes teria preferido aguardar os andamentos das investigações.
José Múcio também ressaltou a importância de que a PF envie os autos sobre supostas listas de parlamentares envolvidos no esquema:
– O presidente Chinaglia vai pedir a lista para que deixem de pairar sobre nós a suspeita. Por enquanto, fica todo mundo dentro do mesmo caldeirão – reclamou.
Para o líder do PT na Câmara, deputado Luiz Sérgio (RJ), as mudanças no sistema de financiamento eleitoral são mais urgentes do que a instalação de uma CPI. Ele apontou a "busca incessante" de recursos para campanhas eleitorais como uma das principais causas dos fatos apurados pela PF.
– Muito melhor do que uma CPI seria o Congresso acelerar a reforma política – disse o petista.
Para Luiz Sérgio, o financiamento público de campanhas contribuiria para reduzir esses casos. Ele afirmou acreditar, no entanto, que o financiamento público só será eficaz se for combinado
coma a adoção das listas partidárias fechadas.
As
reivindicações de mudança no processo orçamentário, segundo ele, também não resolverão os casos de corrupção. Ele lembrou que o Congresso já fez mudanças nas normas de funcionamento da Comissão Mista de Orçamento e de tramitação da proposta orçamentária. Em sua opinião, o orçamento constitui apenas um dos focos do problema, já que as investigações da PF apontam irregularidades em instituições financeiras, como a Caixa Econômica Federal, e até mesmo nos tribunais de contas estaduais.
O líder do PR, deputado Luciano Castro (RR), também não acredita que a reforma política resolverá os casos de corrupção. Autor do projeto que torna inelegível o candidato que mudar de partido nos quatro anos seguintes à sua diplomação, Castro afirma que a fidelidade partidária contribuirá pouco para reduzir os casos de corrupção entre parlamentares.
- Se um deputado é corrupto, o que adianta ele ser fiel a um partido? Isso vem de sua índole pessoal e não vai mudar - disse Castro, que ao
invés de financiamento
público, acredita que a solução para a corrupção está em normas mais rígidas de fiscalização das contas de campanha.
O líder do PSOL, deputado Chico Alencar (RJ), acredita que a Câmara pode iniciar a investigação do possível envolvimento de parlamentares no Conselho de Ética e ouvir os delegados responsáveis pelas operações Furacão e Navalha em uma comissão geral.
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