| 08/02/2007 23h07min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para tentar superar as feridas criadas com a disputa pela Presidência da Câmara, quando Aldo foi derrotado por Arlindo Chinaglia (PT-SP). Lula conversou com Aldo, pela primeira vez, na noite de quarta. Aldo se limitou a dizer que a conversa foi "boa".
Segundo interlocutores, o presidente Lula disse a Aldo que quer tê-lo como interlocutor privilegiado na tomada de decisões. O Planalto teme, na verdade, que as insatisfações dentro do chamado "bloquinho", que reúne PCdoB, PSB, PDT, PAN e PMN, acabem crescendo e complicando votações importantes, principalmente dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
– O presidente continua preocupado com as questões do país – desconversou Aldo, ao ser perguntado sobre se o mal-estar estava superado e se o presidente estava preocupado com eventuais resistências ao PAC.
Foi o primeiro gesto de Lula para se
reaproximar do deputado. Na segunda, Lula
se reuniu com Chinaglia. O discurso oficial do presidente é de que os dois eram seus aliados, mas, na prática, setores do Planalto trabalharam pela eleição do petista.
– Essa conversa era devida pelo presidente Lula ao Aldo, por sua lealdade – resumiu um integrante do PSB.
Parlamentares do PSB disseram que Aldo gostou do encontro com o presidente. Em reunião do "bloquinho", ontem pela manhã, Aldo se esforçou para mostrar que a eleição da Câmara era um evento "superado", mas manteve o discurso de que PT e os demais partidos de esquerda são diferentes.
– Integramos a base de sustentação de governo, mas temos nossas diferenças com o PT e uma perspectiva distinta da do PT. Temos diferenças legadas pela história e por episódios recentes. A prática, como critério da verdade, mostrará essas diferenças – disse Aldo.
Apesar do discurso de que as mágoas estão superadas, Aldo avisou que o bloquinho tem pretensões de se manter unido
inclusive paras eleições municipais de 2008.
–
Qualquer bloco tem perspectiva de poder. Temos ai as eleições municipais – disse ele.
Derrotado na disputa pela Presidência da Câmara, Aldo tem dito que rejeita ser escolhido como ministro como um "prêmio de consoloção". Mas integrantes do PSB afirmam que isso depende do Ministério da ser oferecido.
– Se o presidente oferecer um Ministério de primeira linha, duvido que ele rejeite – disse um parlamentar do PSB.
Os aliados de Aldo na disputa pela Câmara argumentam que Chinaglia ganhou por uma pequena margem de votos e que o ex-presidente da Casa é uma liderança importante que precisa continuar sendo ouvida. A avaliação de que Lula precisa manter contato com Aldo e com interlocutores do bloquinho como Ciro Gomes (PSB-CE) parte de setores do próprio PT.
O líder do PSB e do "bloquinho", deputado Márcio França (SP), disse que o presidente Lula acerta quando aguarda a escolha entre os partidos dos líderes e vice-líderes, assim como os
presidentes das Comissões Temáticas, para
decidir os novos ministros. Na mesma linha, o presidente do PSB, Roberto Amaral.
– O bloco gostaria de ser ouvido quanto à reforma ministerial – disse França.
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