| 29/11/2006 07h20min
Está próximo do fim a espera dos pilotos norte-americanos Joe Lepore e Jan Paul Paladino, que estão com os passaportes retidos no Brasil desde a colisão do jato Legacy com Boeing da Gol, na Serra do Cachimbo (MT), matando 154 pessoas em 29 de setembro. O delegado Renato Sayão, titular do inquérito da Polícia Federal que apura o acidente, informou ontem que vai marcar o depoimento dos dois para a próxima semana e, a seguir, eles serão liberados para retornar aos Estados Unidos.
Ontem, Sayão mandou traduzir as cem páginas extraídas das caixas-pretas do Legacy, inclusive os diálogos dos pilotos entre si durante o vôo e com as torres de controle de São José dos Campos e do Cindacta-1, de Brasília. A tradução, que será concluída até sexta-feira, é considerada fundamental para estabelecer o grau de culpa que pilotos e controladores tiveram no acidente. Com base nela, o delegado vai preparar o questionário do depoimento dos pilotos e analisar se os indicia por homicídio culposo ou outro tipo criminal.
Sayão afirmou que, mesmo que sejam indiciados, os pilotos poderão retornar aos EUA, país com o qual o Brasil tem acordos de cooperação jurídica, até porque as investigações comprovaram que eles não agiram com dolo.
– As perícias técnicas demonstram que o vôo do Legacy foi linear, sem manobras bruscas ou testes arriscados, como se supôs no início – observou o delegado.
A justiça americana será notificada do processo e, no futuro, sempre que necessário, eles poderão ser ouvidos lá mesmo. Com relação aos controladores de vôo, a PF está convencida de que houve falhas decisivas tanto na torre de São José dos Campos, de onde partiu o Legacy, quanto na de Brasília, que deveria ter feito o jato descer para a altitude de 36 mil pés e não o fez.
As provas e evidências apuradas contra os controladores que estavam de serviço no dia do acidente serão enviadas pela PF à Justiça Militar, que tem competência para processar e julgar militares. As investigações mostram que os pilotos podem ter sido induzidos a erro desde São José dos Campos, quando receberam instruções, contrárias ao plano de vôo, para que voassem até Manaus a 37 mil pés, mesma altitude em que vinha o Boeing da Gol, em sentido contrário.
Para a PF, induzidos a erro ou não, os pilotos deveriam ter seguido o plano de vôo, que os mandava baixar para 36 mil pés na passagem por Brasília e subir para 38 mil pés no ponto Teres, 400 quilômetros adiante. Além disso, os pilotos deveriam ter feito um contato com os controladores do Cindacta 1, no momento que sobrevoavam Brasília, mas não o fizeram. A análise das caixas-pretas do Legacy poderá revelar outros erros dos pilotos. Em todo caso, a PF considera que se houve erros dos pilotos, não foram intencionais.
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