| 29/10/2006 22h20min
Rico empresário filiado ao Partido Municipalista Renovador (PMR), uma legenda vinculada à Igreja Universal do Reino de Deus, José Alencar foi o companheiro de chapa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando o petista foi eleito em 2002, e também será o vice no segundo mandato. Em 2002, a eleição de Alencar para a Vice-Presidência do Brasil provocou surpresa na esquerda brasileira, mas Lula, o primeiro operário de origem pobre a chegar à chefia do Estado brasileiro, precisava inspirar confiança entre os empresários e os mercados de valores. Alencar era, então, senador do PL, proprietário do maior império têxtil do país e representava os interesses empresariais.
A insólita aliança entre o ex-líder operário e fundador do PT, de um lado, e o rico empresário, de outro, foi apresentada como a união entre o capital e o trabalho, e deu os resultados esperados. Este homem de 71 anos, que antes de se unir ao petista era pouco conhecido em nível nacional, mostrou no cargo ter mais afinidades pessoais com Lula e ideológicas com o PT do que muitos supunham.
Chegou a ser um dos mais duros críticos da política de ajuste fiscal de Lula, e seus contínuos ataques às altas taxas de juros mais pareciam os de um dirigente do PT antes de assumir o governo do que os de um senador conservador. Da mesma forma que o Presidente, que era de origem pobre e foi construindo sua carreira pouco a pouco, Alencar também não nasceu em berço de ouro.
O proprietário do grupo têxtil Coteminas nasceu em 17 de outubro de 1931 em um subúrbio da pequena cidade de Muriaé, em Minas Gerais, e era o 11ºo de uma família com quinze filhos. Iniciou sua trajetória profissional aos sete anos, quando começou a ajudar a seu pai em uma pequena loja. Aos 15 abandonou sua família para trabalhar em Muriaé como vendedor em uma loja de tecidos. Três anos depois foi para Caratinga, também no estado de Minas Gerais, para trabalhar como vendedor em outra loja. Graças ao empréstimo de um irmão e a parte da herança antecipada de seu pai, abriu aos 18 anos em Caratinga seu primeiro negócio: uma loja de tecidos e confecções.
Em 1967, fundou no município de Montes Claros a Companhia de Tecidos do Norte de Minas (Coteminas) e, em 1975, inaugurou sua primeira fábrica de fios e tecidos. A Coteminas tem atualmente 16 mil funcionários e 11 unidades, e com negócios nos Estados Unidos, na União Européia e em todo o Mercosul.
Como líder empresarial, Alencar foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria. Com fama de empreendedor, começou sua carreira política em 1994, quando tentou, sem sucesso, ser eleito governador de Minas Gerais.
Esse primeiro fracasso não o impediu de ser eleito, quatro anos mais tarde e com cerca de três milhões de votos, para o Senado pelo PMDB mineiro.
Seu prestígio como empresário e líder político em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do Brasil depois de São Paulo, contribuíram para sua escolha para ser companheiro de chapa de Lula.
No governo, também exerceu o cargo de ministro da Defesa entre 2004 e março de 2006, quando renunciou ao cargo para poder disputar as eleições. Naquela, época filiou-se ao minúsculo PMR, legenda fundada em 2005 por membros da Igreja Universal.
Casado com Mariza Campos Gomes da Silva há 45 anos, tem três filhos e cinco netos.
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