| 25/10/2006 11h06min
O vencedor das eleições presidenciais terá uma relação potencialmente difícil com um Congresso sem maiorias, integrado por mais de vinte partidos que, em muitos casos, apoiaram Luiz Inácio Lula da Silva ou Geraldo Alckmin sem levar muito em conta considerações ideológicas.
A chave da gestão parece estar no PMDB, que terá a maior bancada da Câmara e a segunda do Senado. A legenda, que tem quatro governadores eleitos em primeiro turno e candidatos que concorrerão no domingo em outros seis estados, pode obter a Presidência da Câmara e está em condições de negociar cargos relevantes no governo. O partido rachou entre a ala governista, que apoiou a reeleição de Lula, e a oposicionista, que ficou com o tucano. Mas a divisão nacional foi além da legenda. No Rio de Janeiro, o candidato peemedebista ao governo estadual, Sérgio Cabral, aliou-se a Lula, enquanto Alckmin recebeu o apoio do casal Garotinho, em um episódio que lhe valeu constrangimento e muitas críticas. Outros exemplos de divisão foram o respaldo de Roseana Sarney a Lula, que pode custar à candidata maranhense a expulsão do PFL, e o apoio do governador reeleito do Mato Grosso, Blairo Maggi, que deve ser expulso do PPS. Nem o tucano nem Lula conseguiram angariar o apoio formal dos partidos de candidatos à Presidência que não passaram do primeiro turno. Quem ganhar as eleições terá que conviver com um Congresso desacreditado pela série de escândalos no qual, apesar da notável renovação, haverá legisladores suspeitos de corrupção. Na Câmara, a correlação de forças entre os considerados partidos tradicionais é similar à de antes das eleições. O PMDB obteve 89 cadeiras e o PT angariou 83. Os dois principais partidos da atual oposição, o PSDB e o PFL, fizeram 65 deputados cada. A novidade do pleito foi uma maior representação de partidos médios e pequenos na Câmara, onde haverá parlamentares de 21 legendas, muitas das quais devem se fundir com outras para não desaparecer devido à cláusula da barreira. Este mecanismo, aplicável aos que não obtiveram pelo menos 5% dos votos em nível nacional e 2% em nove Estados, impedirá os deputados de partidos nanicos de participar de comissões e ser membros da mesa diretora, e restringirá o acesso das legendas ao horário partidário gratuito, entre outras dificuldades. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda decidirá a interpretação exata da cláusula, mas calcula-se que apenas sete partidos tenham superado a barreira na Câmara. Líderes de partidos nanicos negociam possíveis fusões desde a divulgação dos resultados das eleições de 1º de outubro, mas algumas podem depender da decisão do Tribunal. No Senado, o PMDB tem 15 representantes e o PT 11, enquanto o PSDB tem 15. O PFL conta com 18, o que o torna o partido com mais cadeiras, posição que arrebatou do PMDB. Outras nove siglas dividem as 22 cadeiras restantes, com entre cinco assentos e um. A composição definitiva, porém, só será conhecida depois do dia 29, pois alguns senadores são candidatos no segundo turno a Governos estaduais e seus substitutos são de outras legendas. O novo presidente terá pela frente um Congresso disperso, cujo apoio pode depender do cumprimento das expectativas de alguns partidos e inclusive do habitual troca-troca, desta vez motivado em grande parte pelas restrições da cláusula de barreira. AGÊNCIA EFEGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2024 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.