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 | 13/10/2006 18h35min

CPI receberá dados da PF de Cuiabá na próxima semana

Informações de dois inquéritos incluem quebras de sigilo telefônico

A CPI das Sanguessugas receberá, na próxima semana, todas as informações dos dois inquéritos conduzidos pela Polícia Federal (PF) de Mato Grosso. Um deles envolve a suposta tentativa de compra por petistas do dossiê contra tucanos; e outro, a participação do governo anterior no esquema de superfaturamento de ambulâncias. O próprio presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), pode ir a Cuiabá buscar a documentação.

Na avaliação do deputado Paulo Rubem Santiago (PT-PE), um dos sub-relatores da CPI, os trabalhos da comissão devem avançar com as informações dos inquéritos da PF, inclusive na identificação da origem do dinheiro que seria usado na compra do dossiê.

– Devem avançar com os dois inquéritos em mãos, com os anexos que foram apreendidos na casa do empresário Luiz Antonio Vedoin e com a identificação de, pelo menos, a origem de 110 mil dólares, parte do dinheiro que seria utilizado na compra do dossiê, que será encaminhada pelo delegado federal Luiz Felipe Zampronha, de São Paulo, para o delegado federal Diógenes Curado, em Cuiabá – disse Santiago, que esteve na Capital do Mato Grosso para acompanhar o andamento das investigações.

As informações levantadas pela Polícia Federal, que chegarão à CPI das Sanguessugas, incluem ainda as quebras de sigilo telefônico dos envolvidos na compra do dossiê. A polícia já teve acesso, por determinação judicial, ao cadastro de 750 números telefônicos que receberam ligações de Expedito Veloso, Gedimar Passos, Hamilton Lacerda, Jorge Lorenzetti, Osvaldo Bargas e Valdebran Padilha, os petistas acusados de negociar a compra do dossiê contra tucanos. Entre esses números, estariam telefones de órgãos públicos. A Justiça Federal já determinou que os órgãos identificados indiquem os responsáveis e usuários das linhas.

Estão sob análise chamadas originadas e recebidas pelos envolvidos na compra do dossiê durante os 30 dias que antecederam a apreensão de R$ 1,7 milhão em um hotel de São Paulo, dinheiro que seria usado na negociação.

A PF também está fazendo o cruzamento da lista de pessoas que tiveram contato telefônico com o grupo e da relação dos responsáveis por operações cambiais em valores acima de 10 mil dólares (R$ 21,5 mil), realizadas no mesmo período. A estratégia da polícia é verificar se houve contato por telefone entre os envolvidos com o dossiê e algum comprador dos dólares.

Na terça-feira, dia 17, a CPI tentará votar novamente os mais de 200 requerimentos da pauta. Na terça passada, a comissão tentou duas vezes, mas não conseguiu deliberar sobre as propostas. Na opinião do vice-presidente da comissão, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), o resultado da reunião pode ser afetado pela disputa política que tomou conta do colegiado, em razão do segundo turno das eleições.

– Não mete medo o número de requerimentos. O que nos preocupa é a polarização, que é esperada, compreensível. Se for possível que esse clima venha a se acalmar antes das eleições, eu acho que a gente faz isso (vota os requerimentos). Caso contrário, são mais 15 dias para que se retomem os trabalhos – afirmou Jungmann.

Entre os requerimentos na pauta da CPI, há pedidos de convocação dos envolvidos com a compra do dossiê e de ex-ministros da Saúde do atual governo e do governo anterior.

AGÊNCIA O GLOBO
 

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