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 | 07/10/2006 17h46min

Transporte aéreo do país está entre os mais seguros do mundo

Para cada acidente, 1,1 milhão de decolagens passam despercebidas

Para cada vôo com desfecho trágico no Brasil, 1.149.425 decolagens passam despercebidas. Tantas viagens com final feliz colocam o transporte aéreo do país entre os mais seguros do mundo. Mas não consolam os que choram os 154 mortos no vôo 1907 da Gol, para quem a conta é simples: uma viagem, um desastre.

Mais do que isso, o maior acidente da história da aviação brasileira põe sob desconfiança a segurança dos vôos no território nacional.

- É claro que o sistema se enfraquece. As pessoas sentem-se inseguras, embora o caso em si não determine o nível de segurança no país. Se não houvesse garantia, aviões do mundo todo não viriam para cá - pondera o comandante Célio Eugênio de Abreu Junior, assessor de segurança de vôo do Sindicato Nacional dos Aeronautas.

Como é provável que uma série de erros tenha permitido o choque do Boeing da Gol com o jato Legacy, toda a cadeia responsável por garantir uma viagem tranqüila é posta em teste. Da manutenção das aeronaves à qualificação dos pilotos, do controle de vôo à tecnologia de radar.

- É importante questionar o sistema agora. O nível de segurança atual está diretamente atrelado ao estudo dos acidentes que já ocorreram - afirma a professora de psicologia aeronáutica da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica, Silvia Lúcia Bozzetti Moreira.

Nestes casos, explica a psicóloga, a população quer logo colocar "a culpa" em alguém. Assim, pode se prevenir. Já os especialistas em segurança tentam esmiuçar os fatores que levaram ao desastre. Seu objetivo é evitar novas tragédias.

Autoridades e técnicos defendem com números a excelência do serviço aéreo nacional. No ranking mundial de acidentes por milhão de decolagens, o Brasil está à frente dos demais países da América Latina e um pouco atrás de Europa, Estados Unidos e Austrália.

- O Brasil acompanha as exigências internacionais de segurança. Avançamos na cobertura de radar e a estrutura dos aeroportos melhorou muito. Se alguns países têm equipamentos que não existem aqui, é porque não precisamos e custam caro - avalia o piloto aposentado Claudio Scherer.

RODRIGO CAVALHEIRO/ZERO HORA
 

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