| 06/10/2006 07h00min
Se o Sul e o Nordeste pesaram na primeira fase da eleição, o mapa que leva à cadeira de presidente da República no segundo turno passa pelo Sudeste.
Em um cenário de votações praticamente consolidadas nos extremos do país em favor de Geraldo Alckmin (PSDB) no Sul e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Nordeste, Estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro poderão decidir o pleito do dia 29.
Um dos principais campos da batalha política que se desenha será Minas Gerais. Foi o único entre os maiores colégios eleitorais a registrar um fenômeno de votação cruzada para presidente e governador: apesar de o tucano Aécio Neves ter sido consagrado com 77% dos votos válidos contra 22% do petista Nilmário Miranda, o também tucano Alckmin acabou perdendo para Lula por 50,8% contra 40,6%.
– Ninguém é eleito com 77% dos votos sem conseguir levar junto outro candidato. É óbvio que Aécio não apoiou Alckmin no primeiro turno. Mas isso deve mudar agora – explica o cientista político Ricardo Caldas, da UnB.
Essa é a mesma opinião do cientista político gaúcho Paulo Moura, da Ulbra. Para Moura, a razão é o acordo que vem sendo costurado nos bastidores do PSDB para que, em troca do apoio de Aécio Neves em Minas e José Serra em São Paulo, Alckmin defenda o fim da reeleição. Assim, deixaria o caminho livre para os planos eleitorais da dupla em 2010.
Como o recém-eleito governador mineiro foi o que menos se envolveu na campanha no primeiro turno, sua entrada em cena tem maior potencial sobre as urnas do que Serra. Caberá a Lula procurar neutralizar a investida mineira do adversário por meio de pressão política sobre Aécio ou contra-atacar em outras regiões.
– O segundo turno será disputado nos grandes centros. Lula pode tentar diminuir a abstenção, os votos brancos e nulos no Nordeste, mas a melhor saída para garantir a vitória é focar na classe média, onde perdeu eleitores nas duas semanas do escândalo do dossiê – avalia Moura.
O Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral brasileiro, é um dos grandes centros que podem pesar na balança de votos dos concorrentes. Ali, a terceira colocada, Heloísa Helena, obteve sua melhor votação com 17,13% dos votos válidos. Para Ricardo Caldas, a maior parte desses eleitores deve pender para Geraldo Alckmin, mas a questão é saber se em número suficiente.
Apesar do cenário favorável no Sudeste, a missão do tucano é árdua. No primeiro turno, os candidatos vencidos somaram 9.365.999 votos. Para não depender da reversão de eleitores petistas, o tucano teria de buscar mais de 80% do eleitorado de Heloísa Helena, Cristovam Buarque e demais derrotados.
– Para Alckmin, a vantagem de tirar votos de Lula é que eles valem por dois. É um a menos para Lula e um a mais para ele – afirma Caldas.
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