| 02/10/2006 10h00min
A tragédia da queda do Boeing 737-800 da Gol pegou a companhia aérea em um momento da expansão dos seus negócios e poderá influenciar a trajetória de crescimento da empresa. Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, na época da queda do Fokker-100 da TAM, em 31 de outubro de 1996, houve uma queda de 70% no número de passageiros da companhia nas duas primeiras semanas após o acidente.
É verdade que as circunstâncias do acidente e do próprio mercado eram bem diferentes. As ações da TAM perderam 22% do valor em apenas um dia. Em entrevista ao Valor, o vice-presidente da TAM na época, Luiz Eduardo Falco (hoje na Telemar), estimou o custo de um acidente aéreo em US$ 1 bilhão só com os danos à imagem da empresa, excluindo aí indenizações e o próprio avião, coberto por seguro.
Em relação ao acidente desta sexta-feira, no entanto, especialistas ressaltam que a situação é bem diferente. Primeiramente, as aeronaves da família Boeing 737, usados pela empresa, além de nova, tem ótima reputação no mercado brasileiro, ao contrário do Fokker-100, que teve vários outros registros de acidentes.
– A repercussão comercial, se houver, será insignificante – afirmou o ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, mas lembrando que a empresa precisará fazer "um trabalho de relações públicas", acrescentou Mares Guia.
Segundo a reportagem, algumas projeções de mercado já apontam uma queda de até quatro pontos percentuais na taxa de ocupação das aeronaves da Gol, em outubro, mas o movimento não teria como ir além disso porque, com atual concentração de mercado, as outras companhias não teriam como absorver a eventual transferência de passageiros. A taxa de agosto (última disponível) foi de 77%.
Os especialistas responsáveis por essas estimativas lembram que TAM e Gol detêm, juntas, quase 90% do mercado doméstico. A Varig opera com apenas 10 aeronaves nas rotas nacionais e as demais concorrentes não têm oferta suficiente para absorver um aumento da demanda.
O diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, reconheceu que todo acidente aéreo traumatiza os passageiros por um tempo. Entretanto, ele elogiou a atuação da Gol e lembrou que o setor aéreo no país está crescendo a taxas inéditas e minimiza impactos.
– Não creio (em reflexos negativos para a Gol). Os sistemas de controle e de manutenção são muito rigorosos, e podemos garantir que a fiscalização brasileira é uma das mais respeitadas do mundo.
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