O candidato do PDT a presidente,
Cristovam Buarque, afirmou nesta quarta-feira que não vai comemorar o surgimento dos recentes escândalos no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao
Bom Dia Brasil, da TV Globo, o candidato, que é ex-petista, classificou o atual cenário como lamentável e disse que o PT se acomodou:
– Estou em oposição ao PT, mas não comemoro, pois respinga em nós. O Lula na frente das pesquisas significa que o povo está dizendo que é todo mundo igual. Antes era rouba mas faz. Agora é rouba, mas é um dos nossos. Não comemoro essa tragédia, mesmo que viesse a ter proveito eleitoral. Acho
lamentável.
O candidato, que foi ministro da
Educação do governo Lula, disse que não podia esperar o rumo do ex-partido:
– O que está acontecendo hoje, nem eu e nem 99% dos militantes do PT sabia. O que me incomoda no PT de hoje é que ele se acomodou. Nenhum militante protesta conta o fato que está acontecendo. E se acomodou com o governo que não é mais transformador.
Para combater a corrupção, Cristovam defendeu o fim da reeleição, a redução em 50% dos cargos comissionados no governo e a transformação da corrupção em crime hediondo.
– Precisamos ter políticos e administradores honestos. O meu governo é aquele que mesmo tendo ladrão dentro, ele não consegue roubar. Tem que parar de chamar de corrupção, e chamar de roubalheira. O que vai transformar esse país num país ético é a revolução da educação. Tem que acabar com a profissão de político. Político tem que ser função –
desabafou.
Durante a entrevista, Cristovam
foi questionado sobre o discurso de seu candidato a vice, senador Jefferson Péres, que se despediu da política, dizendo-se desencantado com o Congresso. Em resposta, disse se sentir orgulhoso:
– Eu tenho um vice que é capaz da sinceridade e da franqueza de dizer o que pensa. E mais do que isso. Ele está enojado como qualquer eleitor. Acho positivo para a campanha.
Se for eleito, Cristovam disse que vai acabar com 10 ministérios e pretende criar uma pasta nova. Porém, não deu detalhes sobre quais seriam as mudanças.
Ao longo da entrevista, o candidato criticou o programa Bolsa Família, carro-chefe do governo Lula:
– Hoje em dia, as pessoas dizem: Eu recebo essa vida porque minha família é pobre. Se sair da pobreza, eu não recebo
mais.
Sobre a questão do gás na Bolívia, o candidato se manifestou contra uma intervenção no país e sugeriu uma busca por
novos mercados.
– Não vamos apoiar intervenção estrangeira em nenhum país. Nem do Brasil na Bolívia. Vamos buscar alternativas. A Bolívia precisa mais do Brasil para vender gás, do que a gente dela para comprar gás.
AGÊNCIA O GLOBO