| 19/09/2006 23h00min
A cristalização de uma linha dura e a consolidação dos homens-chave de Raúl Castro confirmam que ocorre uma transição no governo cubano e que Fidel não volta, afirmaram hoje em Miami dois especialistas. A escolha de Esteban Lazo, homem forte do Partido Comunista, para liderar a próxima delegação cubana na ONU é uma prova de que "Raúl Castro está governando e de que Fidel não volta", disse Jaime Schulicki, professor do Instituto de Estudos Cubanos da Universidade de Miami (UM).
Schulicki afirmou que a transferência de poder de Fidel Castro para seu irmão mais novo em 31 de julho de 2006, depois de passar por uma delicada cirurgia, é definitiva e permite que Raúl estabeleça um governo de linha dura.
Assistimos à continuidade de um regime muito fechado, de unidade, a uma sucessão que apenas os que estão iludidos podem considerar aberta para as reformas políticas e econômicas, explicou. Com a escolha de Lazo, prosseguiu Schulicki, ganha consistência uma linha que tende a se aliar na ONU com nações mais radicais e antiamericanas de todo o mundo.
Segundo o especialista, a estratégia de enviar Lazo à ONU tem um simbolismo político: Cuba "não está interessada na normalização das relações com os Estados Unidos".
– Lazo é negro, ou seja, Cuba também está interessada em se aliar aos grupos do Terceiro Mundo, especialmente do continente africano – disse Schulicki, que definiu a consolidação do poder, o fim da dissidência dentro do regime e a manutenção da tranqüilidade em meio à população como prioridades de Raúl Castro.
Tanto Schulicki como o especialista americano Briam Latell acreditam que o vice-presidente cubano, Carlos Lage, pode se tornar o número dois de Raúl Castro e assumir, segundo Latell, um papel "civil influente" que ofereceria mais esperança aos reformistas do regime.
Para Latell, o ministro do Açúcar de Cuba, general Ulises Rosales del Toro, é outra carta que Raúl esconde na manga. É um indivíduo que muito provavelmente ganhará importância no governo, declarou.
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