| 15/09/2006 23h14min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desdenhou na noite desta sexta-feira, em Natal, Rio Grande do Norte, das denúncias de envolvimento de seu governo com escândalos de corrupção feitas pelos adversários nesta reta final da campanha. Embalado pelos novos resultados da pesquisa CNI/Ibope, que o coloca nove pontos à frente de todos os outros candidatos, Lula disse que se inspira em Juscelino Kubitschek para não perder a calma e não reagir ao "jogo rasteiro" de seus adversários. Em Natal, onde não deu entrevistas, ele iniciou uma maratona pelo Norte e Nordeste, onde está à frente de Geraldo Alckmin (PSDB), mas quer dar um impulso a campanha de seus aliados.
O comício preparado pela candidata à reeleição ao governo do Estado, Vilma Faria (PSB), aconteceu debaixo de chuva, que não espantou o povo. Em seu discurso o presidente ignorou a crise com o governo boliviano por causa do confisco de refinarias da Petrobras naquele país. A dianteira nas pesquisas levou Lula a provocar os adversários:
– Quando sair daqui vou a Aracaju, amanhã (neste sábado) estarei em João Pessoa, Salvador, Feira de Santana e domingo vou a Belém. Se meus adversários quiserem ganhar de mim, vão ter que fazer e trabalhar mais do que eu, porque só ficar contando histórias na TV não vai conseguir me derrotar – disse Lula, pedindo ao povo que não vacile e vá para a rua, porque falta pouco tempo para o fim da disputa.
O presidente também disse que está dando "uma surra" nos tucanos, que comandaram o Brasil por oito anos.
– O que mais dói neles, o que mais machuca eles, é comparar 44 meses do nosso governo com os oito anos deles e damos uma surra neles em todos os itens! – se vangloriou Lula, rindo muito e dançando no palanque lotado de candidatos aliados.
Igualmente empolgada com novas pesquisas que mostram uma virada de um ponto sobre o adversário Garibaldi Alves, do PMDB, a governadora Vilma Faria, que chama a si própria de "a guerreira", pediu ao presidente Lula que, a exemplo do programa Luz para Todos, agora ele implemente no Nordeste o Água para todos.
Lula aproveitou a deixa para novamente culpar os adversários pela não concretização do projeto de transposição do Rio São Francisco. Disse que luta há quatro anos para tentar executar o projeto, mas a "elite" não quer que o pobre tenha água para matar sua sede.
– Sempre tem uma parcela da elite, que abre a geladeira e tira de lá uma garrafa de água francesa Perrier, que não deixa a gente trazer um pouco da água do São Francisco para matar a sede do povo pobre do Nordeste – acusou Lula.
Mas a parte que ele mais gosta em seus discursos é quando fala de como, sem diploma, conseguiu ser presidente do Brasil. Diante do público composto em sua maioria por pessoas simples e pobres da periferia arrebanhadas para o comício, esquentou sua fala e levou-as ao delírio ao dizer que os adversários pregam o ódio e a luta de classes.
– Nesses quatro anos o que apanhamos naquela tribuna do Senado! O que se vê lá é a transmissão do ódio de classe daqueles que não suportam que um retirante nordestino tenha chegado a presidente do Brasil. Acham que eu devia estar metido numa fábrica. Como vai se meter a ser presidente? Para isso acham que tem que ser letrado! Tem que ser gente fina! – disse Lula, provocando aplausos, gritos e gargalhadas.
No seu discurso Lula falou de sua coragem ao enfrentar o FMI e os países ricos de igual para igual. Mas não fez qualquer menção ao tratamento complacente dado a países mais pobres, como a Bolívia, que vem afrontando o governo brasileiro na questão da Petrobras.
AGÊNCIA O GLOBOGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2024 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.