| 28/08/2006 22h17min
Intelectuais reunidos na noite desta segunda-feira em um hotel de São Paulo para um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usaram a alegação de que o candidato desconhecia os escândalos de corrupção em seu governo para justificar o apoio à reeleição. Quem melhor verbalizou o sentimento geral foi o escritor Ariano Suassuna, autor do Auto da Compadecida.
– Olho isso (os escândalos), como todo mundo, amargurado, mas, talvez por ser velho, menos perplexo que vocês. Eu já vi isso em outras vezes. Assisti a isso no governo Getúlio (Vargas). Ele, que era um homem honrado, ficou desesperado e deu um tiro no peito. Lula não dará este tiro graças a Deus porque tem a sabedoria e a paciência do homem do povo brasileiro – disse Suassuna.
Suassuna citou sua experiência como secretário de Cultura de Pernambuco para exemplificar a possibilidade de Lula desconhecer os escândalos de corrupção que abalaram o PT no ano passado.
– Acho que ele não roubou. Tenho plena convicção, conheço Lula, sei que ele é um homem honrado. Também sei que é possível que no governo dele pessoas tenham feito coisas que nos envergonham e nos entristecem. Eu exerci um cargo público pequenininho, fui secretário de Cultura de Miguel Arraes, em Pernambuco. E eu tinha um medo desgraçado que roubassem. Sabia que eu não iria roubar, porque não sou ladrão, mas no fim do meu mandato descobri uma pessoa fazendo. É possível que Lula não soubesse. Eu mesmo não sabia quando aconteceu isso na minha Secretaria. Quando descobri, afastei a moça, do mesmo jeito que o Lula fez – lembrou.
O escritor Carlos Alberto Libânio, o Frei Betto, que deixou o governo quando os escândalos vieram à tona e deixou clara sua insatisfação no livro A Mosca Azul, afirmou que apesar de tudo votará em Lula novamente no dia 1º de outubro.
– Vou votar no Lula outra vez esperando que o segundo mandato seja melhor que o primeiro – disse Frei Betto, que é amigo pessoal do presidente.
Antes do encontro, os intelectuais demonstravam otimismo com a possibilidade de o PT retomar o tema da ética depois das eleições.
– Vamos insistir nesta questão. Aceitamos que elas fossem adiadas para o ano que vem e função do processo eleitoral. A nossa esperança é esta – disse o economista Paul Singer, integrante do Diretório Nacional do PT.
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