| 27/08/2006 16h36min
Mais de 200 prefeitos de PSDB, PFL, PPS e PDT, de oposição ao governo federal, já declararam apoio à candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. A campanha "Municípios com Lula pelo Brasil" conseguiu reunir 700 prefeitos de 13 partidos a favor da reeleição do presidente. Até 20 de setembro, quando os números finais serão anunciados, o PT pretende ter conseguido a adesão de 1,5 mil prefeitos, dos quais pelo menos 450 (30%) ligados aos partidos que apóiam o seu principal adversário, o tucano Geraldo Alckmin, que tem PFL e PPS como aliados.
A liderança de Lula nas pesquisas e o impacto de programas como o Bolsa Família nos municípios mais pobres são apontados como principais motivos para a onda de apoios. Segundo pesquisa Datafolha publicada no dia 23, quase a metade dos eleitores do PFL (49%) diz que votará em Lula, contra 19% que apóiam o tucano Geraldo Alckmin. Isso explicaria também a adesão de prefeitos do PFL da Bahia, terra do senador Antonio Carlos Magalhães, à candidatura petista. Em evento no início do mês, os prefeitos pefelistas de Camamú, Campo Formoso, Andorinha e Vera Cruz anunciaram apoio a Lula.
Sem esconder a irritação, o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), desdenha das defecções.
– Esses prefeitos não fazem falta ao PFL. Se alguém mais quiser sair, a porta está aberta – dispara.
A onda de adesões não poupou nem o PSDB, partido de Alckmin. Na última quinta-feira, o prefeito de Iguatu, quarto maior colégio eleitoral do Ceará, Agenor Neto, anunciou sua desfiliação do PSDB para apoiar Lula. Nos próximos dias, ele vai divulgar uma carta pedindo apoio a Lula e ao candidato tucano ao governo, Lúcio Alcântara. O prefeito tucano de Tianguá (CE), Luiz Menezes, já aderiu.
– Não posso pôr os prefeitos num curral. Agenor é um líder emergente do Ceará – diz o presidente estadual do PSDB, Raimundo Viana.
Segundo ele, o presidente da União dos Vereadores do Ceará, Deusimar Filho, o Nozinho, vereador em Caucaia, anunciou sexta-feira a criação de uma frente pró-Lula no Estado. Coordenador da campanha de Lúcio Alcântara e desafeto do presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati, Viana diz que nada fará para impedir as adesões a Lula.
– Isso não é papel do PSDB, é função da Justiça Eleitoral – diz ele.
Em Sergipe, a presidente estadual do PSDB, Maria Mendonça, também se desfiliou para apoiar Lula. Ela é prefeita de Itabaiana, a segunda maior cidade do estado.
Alckmin minimiza a debandada de apoiadores tucanos para a campanha de Lula. Ao comentar o fato de Lúcio Alcântara usar a imagem de Lula em seu programa na TV, ele foi categórico:
- Isso é fofoca.
Para o presidente nacional do PT e coordenador da campanha, Ricardo Berzoini, o principal motivo da onda de apoios a Lula não é a liderança nas pesquisas, mas a forma como o presidente tratou os prefeitos. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, enumera uma série de ações do governo que ajudaram Lula a ganhar a confiança dos prefeitos, como a criação do Ministério das Cidades e a aprovação de nova lei do ISS que aumenta a receita dos municípios.
A onda de adesões permite o nascimento de deformidades eleitorais como as "chapas" Lu-Lu (Lula e Lúcio Alcântara, no Ceará). Já em Minas (em Montes Claros e Varginha), Lula recebeu o apoio de quase 200 prefeitos.
– Dos 60 que estavam em Varginha, 90% apóiam Aécio – diz o mineiro Romênio Pereira, secretário nacional de Organização do PT.
Na região mineira abrangida pela Sudene, que inclui o Vale do Jequitinhonha, alvo preferencial do Bolsa Família, o petista conta com o apoio de 87 prefeitos, a maioria de partidos de oposição a Lula.
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