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 | 04/08/2006 10h56min

Bombardeios impedem chegada de ajuda humanitária ao Líbano

Pontes e vias de acesso foram destruídas

Os organismos humanitários da ONU afirmaram hoje que se viram obrigados a adiar os planos para o envio de ajuda humanitária ao Líbano depois que a única via que unia Beirute à Síria foi destruída pelos bombardeios israelenses.

– Estava prevista para hoje a saída de um comboio com ajuda de emergência mas, nestas circunstâncias, será impossível –, afirmou a porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Christiane Berthiaume.

A Força Aérea de Israel destruiu hoje trechos da estrada que une Beirute à Trípoli e à fronteira norte com a Síria, a única via que restava entre o Líbano e o exterior. Também hoje, ataques aéreos israelenses destruíram três pontes em estradas ao norte de Beirute

A porta-voz acrescentou que outros bombardeios contra subúrbios do sul de Beirute também impediram a saída de um comboio de doze caminhões que devia partir desta cidade em direção ao sul do país, a região mais afetada até agora pela guerra e de onde vem a maior parte dos refugiados.

Berthiaume também revelou que uma equipe do PMA que devia realizar uma avaliação dos danos e identificar rotas secundárias alternativas não obteve a autorização necessária de Israel.

– Para cada comboio ou avião que chega ao Líbano, é necessária a autorização das partes (em conflito). Embora isso não ofereça uma garantia total, significa que as partes concordam em não realizar ações militares nas rotas pelas quais transportamos a ajuda –, afirmou a porta-voz do PMA.

No caso da missão de avaliação prevista para hoje, Israel não deu a permissão necessária.

A Organização Internacional das Migrações (OIM) afirmou, por sua vez, que a situação alterou o plano de saída de Beirute de um comboio que transportaria 470 filipinos e 250 cingaleses até a Síria pela estrada atingida pelos bombardeios.

– Esta era a única via real de saída por terra –, lamentou a porta-voz Jemini Pandya, acrescentando que "é preciso retirar esses imigrantes do país com urgência".

– Para isso serão utilizados trechos da estrada que não foram destruídos e, alternativamente, um caminho litorâneo muito estreito e onde há muito trânsito –, afirmou.

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) disse que espera "mais informações para avaliar como isso (as negativas de permissão) vai afetar o caminho dos comboios de ajuda que devem chegar da Síria, onde está o centro de abastecimento".

O Acnur afirmou que a situação dos refugiados é alarmante, e que muitos estão vivendo em abrigos comunitários e em terrenos que não possuem nenhum tipo de serviço básico.

– As generosas famílias que hospedam refugiados também sofrem com a aglomeração. Em regiões isoladas, essas famílias receberam até 30 pessoas e estão sofrendo com a falta de alimentos –, afirma um comunicado da instituição. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também fez queixas sobre as dificuldades de acesso para a chegada da ajuda e equipes de especialistas nas regiões onde se concentram as vítimas das hostilidades.

– Preparamos a saída para amanhã de um comboio com remédios suficientes para três mil pessoas, mas sua saída não está confirmada –, disse a porta-voz Fadela Chaib.

A OMS acionou seus sistemas de alarme para detectar surtos de quaisquer doenças nos lugares onde os refugiados se concentram.

Já o Fundo da ONU para a Infância (Unicef) anunciou o início de uma campanha de imunização no Líbano, com a qual pretende atender milhares de crianças e refugiados para prevenir epidemias de sarampo, pólio e de outras doenças altamente contagiosas.

– Inicialmente nos concentraremos em 18 mil crianças que estão vivendo em condições de insalubridade e aglomeração em Beirute, para depois irmos para outras partes do país –, afirmou um porta-voz.

AGÊNCIA EFE
 

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