A afirmação forte é de autoria do técnico pentacampeão do mundo com a Seleção Brasileira na Ásia, Luiz Felipe Scolari, em entrevista ao jornal chileno La Tercera.

– Pelé não sabe nada de futebol. Se você quiser ganhar alguma coisa, faça exatamente o oposto do que ele disser. Tudo o que ele analisa acontece ao contrário – bateu Felipão, que passa férias com a família em Valle Nevado, no Chile.

As críticas de Luiz Felipe a Pelé não pararam por aí. O treinador deixou as aulas de esqui de lado – não conseguia parar em pé – e não poupou o Rei do futebol. O técnico gaúcho revelou ainda que os jogadores não gostaram de ter recebido o troféu das mãos de Pelé após a vitória de 2 a 0 sobre a Alemanha em Yokohama, na final do Mundial da Coréia do Sul e do Japão. O técnico afirmou que o ex-jogador sempre duvidou do Brasil:

– Ele não acreditava nos jogadores, nem no técnico, nem no esquema tático.

Mas Felipão assegurou que tudo o que o Rei afirmava era ignorado por ele:

– O que dizia entrava por um ouvido e saía por outro.

Felipão ressaltou que os jogadores ficaram chateados quando souberam que Pelé entregaria o troféu. Quem assistiu à entrega das medalhas de ouro aos jogadores brasileiros pentacampeões mundiais percebeu, claramente, que muitos deles evitavam retribuir o abraço de Pelé. Roberto Carlos foi ostensivo: ficou com os braços arriados ao longo do corpo quando Pelé o cumprimentou. Em seguida, abraçou demoradamente o alemão Franz Beckenbauer.

– Eles não queriam que Pelé lhes entregasse a Copa. Se você fala cinco vezes mal de uma pessoa, não pode esperar ser bem recebido por essa pessoa depois – assinalou Luiz Felipe.

O técnico reconheceu que, como jogador, Pelé foi o melhor da história. Reclamou, no entanto, que o ex-jogador jamais visitou a concentração da Seleção para dar força aos jogadores:

– Ele só esteve na cerimônia porque é o melhor jogador da história do futebol, é um ídolo em todo o Brasil, mas suas análises não valem nada.

Felipão admitiu ser um treinador que primeiro se preocupa em obter bons resultados e só depois em realizar um bonito espetáculo. Nesse sentido, disse ser o oposto de Telê Santana, a quem foi atribuída a declaração de que preferia ser eliminado jogando bem a ser campeão atuando mal:

– Eu prefiro ser campeão jogando mal. O que passa para a história é o resultado.

E disse que sua escola no futebol é a do Sul do país, próximo do Uruguai, “onde se joga um futebol forte, mais viril”.

– Eu pratico o futebol que se joga atualmente no mundo – acrescentou, esclarecendo não ser contrário à habilidade e à técnica, mas favorável à disciplina e ao trabalho.