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 | 17/07/2006 09h52min

Lula diz que Rodada de Doha sofre crise de liderança

Países em desenvolvimento reuniram-se com líderes dos industrializados

A Rodada de Doha padece de uma "crise de liderança" que está impedindo o avanço das negociações, afirmou hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diante dos chefes de governo do G8, reunidos em São Petersburgo, na Rússia.

– As negociações da rodada de Doha estão em crise, mas não técnica e, sim, política, devido à falta de liderança – disse Lula.

Cinco países em desenvolvimento – Brasil, México, China, Índia e África do Sul – reuniram-se hoje com líderes dos países mais industrializados, a quem expuseram queixas política se econômicas. O presidente Lula disse que o nível atual de subsídios à agricultura é "excessivo, ilegal e desumano" e deve ser submetido a "cortes efetivos e substanciais".

– A agricultura não pode permanecer refém de tarifas exorbitantes, algumas vezes acima de 1.000%, das cotas, das salvaguardas e de outras limitações comerciais – disse Lula.

Afirmou ainda que a Rodada de Dona não se refere apenas ao comércio, mas ao desenvolvimento e por isso "deve criar as condições que permitam aos países mais pobres desfrutar de progresso que, às vezes, tem sido obtido às custas deles". Lula afirmou ainda que os subsídios agrícolas dos países ricos "têm exportaram pobreza" para os menos desenvolvidos.

– Enquanto os países ricos têm proporcionado subsídios diários de US$ 1 bilhão, 900 milhões de pessoas nas zonas rurais vivem com menos de um dólar por dia – disse Lula.

Lula acrescentou que é absolutamente falsa a noção de que essas distorções podem ser compensadas com ajuda ou preferências comerciais.

– Os países pobres não precisam de favores, mas de condições equilibradas.

Ele também disse que a redução das taxas de importação sobre produtos industrializados, solicitada pelos países desenvolvidos, em troca do corte dos subsídios agrícolas, não é uma alternativa justa. Os que o fizeram, disse Lula, não conseguiram maior penetração no comércio mundial. Ele disse, porém, que instruiu os negociadores brasileiros a mostrar "a flexibilidade necessária" para se alcançar um desenlace equilibrado da Rodada de Doha.

AGÊNCIA EFE

 

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