| 13/07/2006 09h23min
Enquanto a Justiça, representantes da VarigLog e da Varig discutem o futuro da companhia aérea, com leilão previsto para a próxima quarta, os 6,7 mil aposentados e pensionistas do Aerus – fundo de pensão da empresa que está em liquidação pela Secretaria de Previdência Complementar – amargam a queda dos rendimentos e enfrentam a angústia de não saberem até quando terão os benefícios. Os pagamentos, que em abril já tinham sido reduzidos à 70% do valor, neste mês, caíram ainda mais e 4,4 mil aposentados e pensionistas passaram a receber metade do que ganhavam antes da intervenção no fundo de pensão.
O ex-comissário de bordo Edgar de Oliveira Sobrinho, de 55 anos, com 28 de Varig, é um dos aposentados pelo plano mais antigo do Aerus (o plano 1), que teve a maior redução dos benefícios. Cardiopata, com uma ponte de safena, se viu obrigado a parar de pagar o plano de saúde e a cortar outras despesas de sua família, como TV a cabo e outros supérfluos.
Edgar conta que, antes de se aposentar, em 2003, contribuía com cerca de R$ 800 para ter um benefício mensal de pouco mais de R$ 3 mil e agora recebe R$ 1,5 mil.
– Paguei a vida toda para ter uma aposentadoria melhor e agora não posso receber. Sinto que estou perdendo meus direitos. De repente, você recebe o holerite com metade do valor – revolta-se o aposentado, que tenta manter as esperanças de que, com a venda da companhia, ainda possa continuar recebendo, pelo menos, parte de seus benefícios.
Os participantes do plano 1 do Aerus foram os mais prejudicados. Segundo o fundo de pensão, só há garantia de pagamento de parte dos benefícios até dezembro. Após este prazo, o pagamento está condicionado ao recebimento de dívidas da Varig com o Aerus.
A situação da pensionista Sônia Roriz não é diferente. Viúva de um comissário da Varig, ela tem de sustentar sozinha dois filhos, de 19 e 13 anos com a pensão deixada pelo marido.
– A gente tinha um padrão de vida de classe média e, de repente, se vê sem conseguir manter isso.
O marido de Sônia recebia um benefício de R$ 2,8 mil do Aerus. Após sua morte, em 2003, a viúva passou a receber metade do que o marido recebia. E agora, a partir de julho, a pensionista viu o benefício ser reduzido para cerca de R$ 700. Se a situação não for revertida até o fim do ano, Sônia, que mora na Tijuca, conta que terá de tirar os filhos da escola particular onde estudam.
– Por enquanto, a gente está sobrevivendo cortando os supérfluos. Mas não sei o que vou fazer se isso não se resolver. É muito difícil arranjar emprego na minha idade – lamenta a dona de casa, de 51 anos, que conta ainda com a pensão do INSS deixada pelo marido para complementar o orçamento.
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