| 13/07/2006 07h00min
É fundamental para a destruição do PCC cortar a linha de abastecimento de drogas da facção a partir da união entre as autoridades de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraguai, defende o juiz federal Odilon de Oliveira, 57 anos. Odilon tornou-se conhecedor do PCC a partir dos depoimentos dos 114 bandidos que condenou a 919 anos e seis meses de prisão como juiz federal em Ponta Porã (MS). Por isso, está com sua cabeça a prêmio: R$ 280 mil.
Atualmente em Campo Grande (MS), o juiz falou a Zero Hora sobre os ataques em São Paulo:
Zero Hora – Há nos processos dos 14 maiores foragidos brasileiros refugiados no Paraguai alguma ligação com o PCC?
Odilon de Oliveira – Sim. O PCC é um importante comprador de cocaína, maconha e armas. E explora o serviço de pistolagem. Há muitas apreensões de drogas na região com sigla do PCC na embalagem.
ZH – Como funcionam os serviços de
pistolagem do PCC na fronteira?
Odilon – O que sabemos é
que há uma legião de pistoleiros na região a serviço deles. Alguns muito bem pagos. Outros matam para pagar dívidas com o PCC.
ZH – Qual é o poder da organização nos presídios locais?
Odilon – Não é possível quantificar. Mas eles têm poder e comando sobre uma fatia importante da massa carcerária.
ZH – Várias organizações se abastecem de drogas na região. O PCC é a mais importante?
Odilon – Posso afirmar é que o PCC é bem articulado na região, incluindo o território paraguaio. Eles têm ligações fortes com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
ZH – Como é possível combater o PCC?
Odilon – Ações isoladas não resolvem. Precisamos de uma ação conjunta das autoridades dos Estados brasileiros. Temos de pensar no PCC como se fosse uma tropa de Exército que avança pelo Brasil. Mas que tem atrás
de si uma linha de abastecimento. Esta linha começa no Paraguai, de onde saem as drogas e
as armas que movem as engrenagens da organização.
ZH – Caso não aconteça isso, como será o futuro?
Odilon – A audácia dos bandidos irá aumentar a cada novo ataque.
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