A França pode não ser campeã dentro de campo, mas já garantiu um título na Copa do Mundo da Alemanha: o de seleção mais antipática. Além de avessos ao contato com o público, os franceses têm uma intolerância injustificada para uma seleção que participa de uma competição internacional e se recusam sistematicamente em falar outro idioma que não seja o francês.

Tal comportamento se repetiu nesta segunda-feira, durante a entrevista coletiva do meia-atacante Frank Ribery. Ao ser perguntado, em inglês, sobre o ressurgimento de Zidane, ele respondeu, em francês:

– Sinto muito, mas não falo inglês.

Na platéia, composta basicamente por jornalistas franceses, a gargalhada foi geral. E o assessor de imprensa da seleção, que poderia ajudar o jogador e o repórter que fez a pergunta, manteve-se impassível.

É conhecida a aversão que os franceses sentem pelos ingleses e também o inconformismo deles com o fato de o idioma falado pelos súditos da Rainha ter se tornado mais importante que o das terras onde viveu Napoleão. Por isso, conversar em inglês com um francês soa quase com uma ofensa. Ainda que o papo ocorra em “campo neutro”, como a Alemanha.

Na véspera do jogo entre França e Brasil, por exemplo, o técnico Raymond Domenech e o volante Vieira deram entrevista no Waldstadion, em Frankfurt, e mesmo quando perguntados em inglês responderam em francês. Detalhe: Vieira jogou nove anos no Arsenal, da Inglaterra, e Domenech fala inglês razoavelmente.

Mas há exceções neste comportamento. Na última quinta, por exemplo, Domenech concedeu entrevista também em Hameln, onde o time está concentrado, e respondeu em inglês a todas as perguntas feitas nesse idioma. O zagueiro Thuram teve o mesmo procedimento, assim como o atacante Henry, do Arsenal.

O fato de os jogadores optarem por comunicar-se somente em francês agrada e é defendido com entusiasmo pelos jornalistas do país. Na última sexta, após o treino da França no Waldstadion, um repórter francês, ao ser questionado, em inglês, sobre o que ele achava da recusa dos jogadores em falar outro idioma, respondeu:

– É natural, eles são franceses.

Agência Estado