| 16/06/2006 14h33min
Todo dia, as cotações internacionais das commodities como a soja oscilam de acordo com as projeções de colheita, clima ou crescimento econômico da China ou de outros países. Mas os preços agrícolas também já variam seguindo os valores de outro produto que até há pouco tempo mal influía: o petróleo.
– Desesperadamente, o mundo precisa de fontes renováveis e limpas de energia – afirma o analista de mercado Antônio Sartori, da corretora Brasoja.
As reservas atuais de petróleo são suficientes para abastecer o mundo por mais 50 anos, explica o pesquisador Saul Suslick, da Universidade de Campinas. Mesmo que novas descobertas do produto possam (e devam) ser feitas, o combustível fóssil tende a se esgotar. No início desse milênio, o petróleo respondia por cerca de 30% da energia global. Em 2100, deve representar menos de 5%. Com a biomassa (exceto lenha), especialmente agrícola, deve ocorrer o oposto: passando de menos de 2% para mais de 20% ao longo do século.
Nesse contexto, os olhos do mundo se voltam para o Brasil. O país tem uma área agricultável ainda não utilizada de 90 milhões de hectares e tradição agrícola, além de ser pioneiro no uso de álcool combustível feito a partir da cana-de-açúcar. Mas o projeto agroenergético brasileiro vai além dessa tecnologia.
O país já começa a dar os primeiros passos na produção de biodiesel, os investimentos em usinas que transformam biomassa como casca de arroz e dejetos de suínos em energia elétrica crescem no Estado, e novas tecnologias estão sendo pesquisadas para ampliar o leque de culturas e produtos a serem aproveitadas em projetos energéticos.
– Nosso programa é para que o Brasil seja líder no comércio internacional de biocombustíveis – afirma Frederique Abreu, coordenador do Programa de Agroenergia do Ministério da Agricultura.
O especialista alerta que nenhum combustível renovável, como os que provêem do campo, é competitivo com o petróleo a menos de US$ 30. Mas este não é o cenário projetado pela maioria dos especialistas pelo menos para os próximos cinco anos, diz Suslick.
O crescimento do consumo de álcool nos últimos anos é um exemplo do que pode ocorrer com o biodiesel. A produção brasileira, que foi de 10,6 bilhões de litros na safra de cana 2000/2001, deve ser de 15,9 bilhões na atual e chegar a 30,85 bilhões em 2013. O desafio é fazer com que outros setores da agroenergia consigam resultados semelhantes.
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