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 | 26/05/2006 16h45min

Branco diz que mexicanos lamentaram derrota em 1986

Seleção foi eliminada pela França nos pênaltis nas quartas-de-final

O ex-jogador Branco disse nesta sexta que a desclassificação da Seleção na Copa de 1986, para a França, nas quartas-de-final, foi uma decepção muito grande não só para o Brasil. Ao término do jogo, os mexicanos lamentavam a derrota nos pênaltis tanto quanto os brasileiros, afinal o palco foi o mesmo do tricampeonato, em 1970.

– A gente queria repetir a dose de 1970, até porque os mexicanos são apaixonados por brasileiros, mas não foi possível. Foi uma decepção, a gente só viu os mexicanos chorando, assim como a gente – resumiu.

Naquela partida, contra o time liderado por Platini, Zico entrou na partida momentos antes de o próprio Branco sofrer um pênalti. O camisa 10 chamou a responsabilidade para si, apesar de o batedor oficial daquele time ser o Sócrates. Mas desperdiçou a oportunidade.

– O Zico cobrou o pênalti porque naquele momento ele achou que estava bem. O Sócrates quis bater, mas o Zico assumiu – contou o ex-lateral-esquerdo.

Sobre o técnico Telê Santana, comandante da Seleção nos Mundiais da Espanha, em 82, e do México, em 86, Branco diz que aprendeu muito com o treinador.

– O seu Telê para mim foi aquele que me colocou como titular na primeira Copa e foi uma dos maiores técnicos que eu trabalhei, tanto pelo lado profissional quanto pelo pessoal. Esse será inesquecível por tudo que fez pelo futebol – considera Branco.

Confira a íntegra da entrevista online:

clicRBS – Você participou de duas gerações da Seleção. Uma que foi derrotada no México e na Espanha e outra vitoriosa nos EUA. Quais as diferenças entres as equipes e o que fez uma vitóriosa e outra derrotada?
Branco
– Cada geração teve a sua oportunidade de mostrar suas qualidades. A diferença é que em 94, quando fomos vitoriosos, conseguimos uma grande unidade, em todos os sentidos. Em 90 tivemos problemas de relacionamento no grupo e em 86, no México, não tivemos sorte. No melhor jogo nosso, nós perdemos nos pênaltis.

clicRBS – Branco, naquele jogo das quartas-de-final contra a França, em 86, por que o Zico bateu o pênalti logo que entrou em campo se o cobrador oficial da Seleção era o Sócrates ?
Branco
– O Zico cobrou o pênalti porque naquele momento ele achou que estava bem, o Sócrates que quis bater e o Zico assumiu.

clicRBS – Em 1986, o Brasil estava com 16 anos de jejum em Copas. E voltou justamente ao México, onde conquistou o tricampeonato em 70. Os jogadores sentiam essa pressão por uma conquista no mesmo lugar?
Branco
– A gente queria repetir a dose de 70, até porque os mexicanos são apaixonados por brasileiros, mas não foi possível. Foi uma decepção, a gente só viu os mexicanos chorando, assim como a gente.

clicRBS – Você esteve em uma copa com Telê Santana. Que lembranças você tem do treinador?
Branco
– O seu Telê para mim foi aquele que me colocou como titular na primeira Copa e foi uma dos maiores técnicos que eu trabalhei, tanto pelo lado profissional quanto pelo pessoal. Esse será inesquecível por tudo que fez pelo futebol.

Pergunta de Internauta –  Sou seu fã e queria saber qual é a emoção de fazer um gol clasificando o Brasil, em 1994?
Branco
– Foi destino. Eu tinha que jogar aquela copa porque era a última e a última chance de ganhar o Mundial. Jogar três e não ganhar nenhuma. Eu ficaria muito triste. Ganhamos na hora certa. A emoção de atingir o ápice da carreira de jogador.

Pergunta de Internauta – Quem foi o seu maior ídolo em toda a história do futebol? E o atual?
Branco
– O maior jogador do Brasil, para mim, foi o Zico. Atualmente é o Ronaldinho.

clicRBS – Branco, apesar de falarmos especificamente do Mundial de 1986, queria que você nos contasse o episódio da "água batizada" no jogo contra a Argentina, em 1990. Como foi o episório, quem entregou a você uma garrafa "especial" para os brasileiros?
Branco
– Foi um lance que o Maradona caiu, estava machucado, fazia muito calor aí eu fui tomar água, mas quando tomei senti um gosto estranho. Ali tinham seis garrafinhas de água. Duas com tampas de cores diferentes. Estas duas eram para dar para o adversário. Nunca ia imaginar que teriam preparar aquilo ali, principalmente em uma competição tão importante como a copa do mundo. Mas vindo de Billardo e Maradona... os exemplos não são os melhores. Na época, após o jogo, eu falei o que tinha acontecido e muita gente ironizou até como uma desculpa pela derrota. Mas 15 anos depois, a verdade veio a tona.

Pergunta de Internauta – Sabemos que a cada ano o Brasil revela uma série de bons jogadores. Você como coordenador das categorias de base da seleção. Acha que o Brasil terá condições de chegar com competitividade na próxima Copa em 2010?
Branco
– Sem dúvida alguma o Brasil vai ser forte tanto quanto hoje porque as gerações que estão vindo prometem manter o nível dos últimos mundiais na nossa seleção. Onde a CBF apóia totalmente o trabalho de base com grandes investimentos para dar uma estrutura às comissões técnicas e jogadoras.
 
Pergunta de Internauta – Em algum momento antes de bater aquela falta contra Holanda, em 1994, chegou a passar pela sua cabeça as desclassificações de 86 e 90?
Branco
– Quem quiser ver já uma parte dessa geração 2010 começa dia 29 o Campeonato Brasileiro de Juniores com os 30 melhores clubes do Brasil. Aqui no Estados em Porto Alegre, Novo Hamburgo, Bagé, Santana do Livramento e Pelotas. Justamente com este trabalho de base que estamos realizando, ano próximo teremos três Sul-Americanos, sub-15 17 e 20, dois mundiais (um sub-17 e outro sub-20) e Pan-Americano. Já em 2008 teremos o Pré-Olímpico. Resumindo, nestes torneios sairão muitos jogadores para 2010. O maior exemplo do nosso trabalho ultimamente é o Nilmar.

JULIANO SCHÜLER
 

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