A CPI dos Bingos marcou para hoje, às 11h, o depoimento do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares. O pedido de habeas corpus feito por seus advogados foi negado pelo ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF). Marco Aurélio afirmou não haver como assegurar a Delúbio o não-comparecimento à CPI. Ele sustentou que os cidadãos devem colaborar com as autoridades constituídas na elucidação dos fatos e que deve ser preservada a independência da Comissão sobre o que pode ou não ser perguntado ao depoente.

A defesa pedia que o ex-dirigente petista não fosse obrigado a comparecer ao depoimento ou que lhe fosse garantido o direito de não falar sobre assuntos que extrapolassem o objeto da CPI. O argumento era o de que não se pode impor a presença de Delúbio na comissão para prestar esclarecimentos, uma vez que a denúncia oferecida contra ele ocorreu antes da apresentação do requerimento de convocação dele.

Delúbio, que esteve no centro das discussões do escândalo do mensalão, é um dos 40 denunciados pelo Ministério Público Federal, por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão ilegal de divisas, corrupção ativa e passiva e desvio de dinheiro público. Segundo o procurador-geral da República, o objetivo do grupo era a formar um complexo esquema para "negociar apoio político, pagar dívidas pretéritas do Partido dos Trabalhadores (PT) e também custear gastos de campanha e outras despesas do PT e dos seus aliados".

O ex-tesoureiro foi um dos fundadores do PT, dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Goiás (Sintego), na década de 80. Foi ainda o coordenador das campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva em 1989 e 1998. A partir de 2000, assumiu o cargo de tesoureiro do Partido dos Trabalhadores.