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 | 20/05/2006 19h24min

Morales cria novo mercado para coca na Bolívia

Presidente pediu aos cocaleiros que acabem com os cultivos ilegais

O presidente da Bolívia, Evo Morales, autorizou hoje o funcionamento de um terceiro mercado para a folha da coca no país, mas pediu aos cocaleiros que acabem voluntariamente com os cultivos ilegais e limitem a produção para combater o narcotráfico. A autorização foi anunciada pelo ministro de Desenvolvimento Rural, Hugo Salvatierra, em um ato realizado na cidade de Caranavi, a 160 quilômetros de La Paz, onde Morales fez seu pedido.

O novo mercado permitirá que os quase 3 mil cocaleiros de Caranavi e regiões vizinhas vendam sua produção em La Paz, sem recorrer a outro mercado da capital boliviana controlado por produtores das províncias de Yungas Norte e Sul. O outro mercado legal fica na região central de Chapare, no departamento (estado) de Cochabamba.

Segundo o Governo, o novo espaço comercial terá caráter temporário enquanto são concluídos os estudos sobre a demanda legal da folha, usada na Bolívia com fins culturais e medicinais, mas que também é matéria-prima na fabricação da cocaína.

Morales disse em Caravani que o cultivo da coca jamais será erradicado, mas deve ser controlado. O presidente falou sobre o fracasso das políticas dos governos anteriores para acabar com a produção excedente de coca, que consistiam em oferecer uma indenização aos camponeses e usar a força militar. No entanto, Morales - que ainda é líder dos produtores de coca de Chapare - recomendou que as famílias organizem as plantações sob o controle dos sindicatos.

O pedido do presidente se refere a uma "redução voluntária" sem acabar com o plantio da coca, que seria acompanhado por um plano de industrialização da planta com "fins favoráveis à humanidade", que será implementado nas regiões de Yungas, Caranavi e Chapare.

Segundo relatórios oficiais, nas regiões de Yungas Norte e Sul e Caranavi há pelo menos 5 mil hectares excedentes de coca que devem ser erradicados, e 12 mil legais para atender ao consumo e usos tradicionais. Na região de Chapare, estima-se que há 5 mil hectares ilegais da planta, e outros 5 mil de acordo com a legislação antidrogas.

Morales também anunciou aos camponeses de Caravani um programa de industrialização do café, o principal produto da região, com a ajuda do Governo da Venezuela. Ao final de seu discurso de quase uma hora, Morales cumprimentou os camponeses no estádio e depois jogou uma partida de futsal com as autoridades locais no estádio lotado.

No programa oficial, estava previsto que o presidente participasse de um ato de erradicação voluntária de cultivos de coca, mas este evento foi suspenso.

EFE
 

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