O primeiro vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL-AL), disse hoje que caberá aos deputados Nilton Capixaba (PTB-RO), João Caldas (PL-AL) e Eduardo Gomes (PSDB-TO), declararem-se impedidos de participar e votar. Na reunião, será analisado o destino dos 63 deputados listados pela Polícia Federal na Operação Sanguessuga, que desmantelou um esquema de fraudes para compra de ambulâncias superfaturadas por prefeituras. Capixaba, Caldas e Gomes, integrantes da Mesa Diretora, estão entre eles.

Segundo Nonô, a Mesa não tem poder para impedir que estes deputados participem da votação porque o impedimento é um juízo pessoal e uma decisão a ser tomada pela própria pessoa.

– Os famosos impedimentos são de natureza subjetiva, o juízo é personalíssimo, da pessoa. O regimento diz que todo aquele deputado que tenha interesse pessoal na votação de um projeto deve se abster de votar, mas é um texto genérico. Se cabe para projetos, acho que vale também para decisões da Mesa – disse Nonô.

O vice-presidente disse que Eduardo Gomes já avisou que não irá participar da reunião. Para Nonô, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), agiu corretamente ao enviar o ofício com os nomes dos deputados ao Corregedor-geral da Casa, Ciro Nogueira (PP-PI). O corregedor fará uma triagem separando o que as gravações dizem sobre cada deputado.

Para Nonô, a Mesa terá condições de analisar o que apenas é citação dos que podem estar realmente envolvidos no esquema da compra fraudulenta de ambulâncias. Segundo Nonô, os deputados devem ter cautela porque processos globais tendem a cometer injustiças.

– Estamos em ano eleitoral e qualquer coisa pode custar a eleição de uma pessoa. Se for de algum vagabundo, vou aplaudir. Mas se for de gente séria, como a juíza Denise Frossard, não é bom porque a Casa precisa de pessoas sérias – acrescentou.

O corregedor requistou três funcionários para ajudar na triagem. Nogueira espera terminar o trabalho até amanhã, para que a Mesa possa se reunir o mais rápido possível.

AGÊNCIA O GLOBO