A delegação interministerial espanhola que discutirá com o presidente da Bolívia, Evo Morales, as conseqüências para a Espanha da nacionalização dos campos de hidrocarbonetos, partiu hoje de Madri com destino a La Paz, e em seguida irá ao Brasil.

Fontes do Ministério de Exteriores disseram que o grupo, liderado pelo secretário de Estado de Assuntos Exteriores, Bernardino León, se reunirá amanhã com um assessor econômico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antes de voltar à Espanha.

O presidente da Bolívia decretou nesta segunda a nacionalização da produção de hidrocarbonetos, com a ocupação militar de campos e refinarias, e instou as petrolíferas a assinar novos contratos em 180 dias ou a sair do país, medida que afeta diretamente a Andina, filial da hispano-argentina RepsolYPF, além da Petrobrás.

A companhia petrolífera hispano-argentina tem seus principais investimentos na Bolívia, através dos 50% que possui na companhia petrolífera Andina, que por sua vez controla 25% das reservas bolivianas de gás, que totalizam 52,3 trilhões de pés cúbicos.

A Repsol YPF é a única empresa com capital espanhol afetada pelo decreto e seus atuais contratos de exploração de petróleo e gás na Bolívia representam 2,5% de seus lucros e cerca de 1% do resultado de suas operações. A companhia negou hoje ter mantido contatos nos últimos dias com o governo boliviano, e acrescentou que continua esperando para saber maiores detalhes sobre o decreto de nacionalização.

No entanto, "houve um contato permanente do Governo espanhol com o Governo boliviano através das respectivas instâncias diplomáticas", segundo afirmou o Secretário espanhol de Comunicação, Fernando Moraleda, que entretanto ressaltou que ainda "não houve um contato telefônico" entre o presidente do Executivo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, e Morales.

O encontro entre os dois líderes pode ocorrer na próxima semana por ocasião da cúpula entre a União Européia (UE) e América Latina, que será realizada em Viena.

AGÊNCIA EFE