| 02/05/2006 13h43min
Frente ao anúncio de nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia, o Rio de Janeiro está em uma situação mais confortável do que São Paulo em relação ao fornecimento de gás, segundo a assessora do Conselho de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Karine Fragoso. Segundo ela, a indústria fluminense tem contratos de longo prazo para o fornecimento do combustível da Bacia de Campos, enquanto que cerca de 70% do gás utilizado em São Paulo são importados da Bolívia.
Mesmo assim, Karine Fragoso diz que o Estado corre o risco de desabastecimento parcial e pode ser afetado com preços maiores e aumento da poluição. Com alta no custo de produção das indústrias, a tendência é que o preço final dos produtos também cresça.
– Sem dúvida há o temor de desabastecimento. O Rio tem prioridade, mas é possível que o Estado tenha que compartilhar parte do gás da Bacia de Campos com outros Estados dependendo do desenrolar da crise. E além do impacto financeiro, há também o ambiental. Na falta de gás, as indústrias podem buscar alternativas como o óleo combustível, muito mais poluente – diz.
Os setores mais afetados serão aqueles que utilizam exclusivamente gás natural como fonte de energia, como os de química fina (plásticos, por exemplo), de cerâmica e as salineiras. A geração de energia elétrica pelas termelétricas também pode ser afetada. Além disso, o próprio setor petrolífero também será prejudicado, assim como indústrias que entre 1997 e 1998 receberam incentivos para verter sua matriz energética para o gás natural.
Essas indústrias já estavam tendo os contratos revistos e negociando para que a redução dos descontos temporários fosse suave. Algumas, como a farmacêutica, já tiveram um impacto de 50% nas tarifas por causa do fim dos descontos. Agora, as negociações tendem a ser ainda mais duras.
O Brasil importa da Bolívia metade do gás utilizado no país. O resto é basicamente produzido aqui. Em janeiro, o Brasil produziu 27 milhões de metros cúbicos por dia e importou outros 26 milhões por dia, segundo dados da ANP.
O Brasil tem reservas grandes de gás, especialmente na Bacia de Santos, mas o campo só deve começar a produzir em 2008. A meta da Petrobras é produzir 70 milhões de metros cúbicos por dia em 2010, para um consumo previsto em 115 milhões de metros cúbicos por dia.
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