| 30/03/2006 14h40min
O deputado Jorge Bittar (PT-RJ) já está preparando um relatório paralelo para tentar derrubar o do relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), apresentado ontem e que pediu o indiciamento de petistas. Como não há sinal de acordo entre oposição e governo, a comissão pode ser concluída sem aprovação de um relatório final, como ocorreu com a CPI do Banestado.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), já avisou que, se o governo insistir no relatório paralelo, a oposição vai pedir o indiciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), respondeu dizendo que a iniciativa do PSDB só provará "o golpismo com que vem agindo nos últimos tempos".
O líder do PT não concorda, por exemplo, com a afirmação de Serraglio de que o mensalão existiu e insiste na tese do caixa dois, pelo qual a base já pediu desculpas. Segundo ele, o relator tentou superdimensionar um crime e usou critérios diferentes para pedir os indiciamentos, como nos casos do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e os petistas.
– Não concordamos que houve mensalão, concordamos que houve caixa dois, o repasse ilegal de recursos para os partidos. Já nos desculpamos por isso, até agora não tem nenhuma prova de mensalão – afirmou.
O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) disse que vai tentar negociar um acordo em torno do relatório de Serraglio até o último minuto, mas admite que a CPI pode ficar sem relatório final. Segundo ele, o confronto pode ser inevitável e acabar jogando "todo o trabalho da CPI no lixo."
– Neste momento a situação está muito extremada. Temo que o embate político leve à inviabilização de um relatório. Hoje, não ter um relatório é a verdadeira pizza. Vou negociar até a morte – disse o petista.
O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-RJ), reuniu os líderes da base aliada em seu gabinete para saber se eles aprovariam um relatório paralelo, mas o líder do PL, Luciano Castro (RR), alertou que não há consenso na base e propôs uma solução alternativa, como fazer destaques no relatório de Serraglio na parte que não tem a concordância do governo. Ele disse que há um entendimento de que o relatório de Serraglio é contestável, mas afirmou que a falta de consenso sobre o substitutivo pode rachar a base.
– Não se pode criar a idéia de um relatório que derrube o outro. Podemos trabalhar isso em voto em separado ou destaque – afirmou o deputado.
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2024 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.