O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, responsabilizou a ultra-esquerda pela derrota dos socialistas na França. Em carta de solidariedade ao amigo, o primeiro-ministro Lionel Jospin, que não passou para o segundo turno das eleições presidenciais, o petista afirma que o resultado serve de advertência aos “radicais, que devem parar de fazer o jogo da direita”.

Os dois candidatos da extrema esquerda, Arlette Laguiller e Olivier Besancenot dirigiram suas campanhas mais contra os candidatos da esquerda do que contra os de direita, minimizando a candidatura do dirigente da extrema direita, Jean-Marie Le Pen que passou para o segundo turno. Na carta, Lula aponta como outro fator que prejudicou a candidatura socialista a longa convivência entre o Jospin e o presidente, Jacques Chirac, também candidato, veiculando a imagem de que todos são iguais. Isso teria “confundido” o eleitorado de esquerda.

O petista ressalta que um dos últimos discursos de Jospin, em Bordeaux – do qual Lula participou – foi “uma peça-chave para o pensamento da esquerda”, convencido de que essa deveria ter sido a marca de toda a campanha. Jospin iniciou sua campanha com um discurso mais centrista que facilitou a captação, pelos candidatos da ultra-esquerda, dos votos de uma parte do eleitorado tradicionalmente socialista.

Lula lançou nessa terça, dia 30, na sede do Clube de Engenharia, no centro do Rio, o “Projeto Energia Elétrica”, formulado pelo Instituto Cidadania, organização não-governamental de que participa. O texto foi incorporado como colaboração ao programa de governo do candidato, em fase de elaboração. O petista disse que não gostaria que “começassem a colocar blindagem” para dificultar qualquer ação do governo que toma posse em 1º de janeiro de 2003.

– Não mexeu, deixa do jeito que está. Não pode haver política a toque de caixa, num instante delicado como esse – disse.

Na entrevista após a solenidade, Lula foi cauteloso. Dentro da nova estratégia do PT de não expor excessivamente o candidato ao risco de dar declarações que o prejudiquem, o porta-voz da campanha, André Singer, avisou que as perguntas só poderiam abordar o tema energia.