Agricultoras do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) reivindicarão nas manifestações para marcar o Dia da Mulher – comemorado nesta quarta, dia 8 – a revalorização de seu trabalho por meio da criação de um crédito fundiário especial para a produção de subsistência dentro do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Rosângela Cordeiro, da coordenação nacional do MMC, ressaltou que é preciso mudar o modo como é vista a produção agrícola voltada para o consumo das famílias.

– Vivemos em um sistema capitalista e o que vale é o que vai para o mercado, por isso, produzir para a alimentação [da família] não é contabilizado como renda. Ou seja, é uma produção invisível – afirma.

Para reverter essa situação o MMC exige um crédito fundiário especial que reconheça essa produção de subsistência das trabalhadoras rurais como fonte de renda. Segundo proposta do movimento, ele beneficiaria pequenas proprietárias, assentadas de reforma agrária, arrendatárias, pescadoras artesanais, extrativistas e quebradeiras de coco.

Atualmente existe uma linha de crédito agrícola do governo federal exclusivamente para as mulheres. Trata-se do Pronaf Mulher (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Podem ser financiadas atividades agrícolas e não-agrícolas como horta, manejo de pequenos animais, artesanato, doces, produção de queijos etc.

No entanto, Rosângela afirma que o Pronaf Mulher é voltado para famílias com padrão de renda mais elevado. Para o MMC, a burocracia e a falta de documentos acabam excluindo a grande maioria das mulheres do programa.

Para marcar o Dia da Mulher, o MMC organizou para quarta-feira manifestações e seminários em diversas capitais do país.

– O 8 de março é um dia de luta e resistência das mulheres e não de comemoração – afirma a coodenadora do movimento.

A principal mobilização – uma marcha de mulheres – está prevista para acontecer em Porto Alegre (RS), onde representantes de governos de diversos países participam esta semana da 2ª Conferência Internacional de Reforma Agrária, promovida pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

AGÊNCIA BRASIL