| 06/03/2006 14h53min
Analistas internacionais debateram hoje em Paris se a negociação para a criação de um acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul deve esperar o fim da atual rodada da Organização Mundial do Comércio (OMC), em que há elementos comuns.
A Faculdade de Ciências Políticas de Paris foi palco de um seminário onde analistas de comércio internacional expuseram suas idéias sobre as negociações para a liberalização na OMC e as realizadas pela UE e países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai).
Os contatos entre a UE e o Mercosul acontecem há anos sem grandes avanços e agora se confundem em alguns aspectos com a chamada rodada de Doha da OMC.
Na conferência ministerial de Hong-Kong da OMC, em dezembro, houve acordo em alguns temas, mas faltou aprovar as modalidades para a liberalização dos mercados agrícola, industrial e de serviços.
Alguns desses pontos também são motivo de divergência entre os negociadores da UE e os do Mercosul. Por isso os dois processos, embora independentes, apresentam um paralelismo.
Essa foi a posição de alguns analistas no seminário de hoje. A funcionária da Comissão Européia Beatriz Knaster destacou que não é preciso que europeus e sul-americanos esperem o fim das conversas na OMC para iniciar o diálogo entre os blocos, mas disse que dessa forma seria mais fácil.
Um dos negociadores do Mercosul com a UE, o embaixador brasileiro Régis Arslanian, disse que são conversas diferentes, mas ambas estão unidas pela necessidade de serem "ambiciosas". Mas lembrou que "é preciso apresentar elementos concretos para melhorar no capítulo agrícola e no de serviços e obter mais flexibilidade em áreas como o setor de automotivos".
O italiano Paolo Giordano, que trabalha para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), disse que europeus e sul-americanos não têm que esperar o fim da rodada de Doha, mas deve haver uma coordenação temporária, já que os mercados agrícolas são uma questão central nas duas mesas.
Um elemento que
afeta os dois processos é a oscilação entre multilateralismo e protecionismo em que se movimentam os países, apontaram alguns analistas.
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