| 23/04/2002 17h28min
A Frente Trabalhista, aliança formada pelo PPS, PDT e PTB, tem até o dia 30 de abril para definir a chapa que vai concorrer ao governo do Estado no Rio Grande do Sul. Caso contrário, o PPS vai tomar outros rumos. O recado foi dado nesta terça-feira, dia 23, pelo ex-governador Antônio Britto, durante entrevista coletiva. Acompanhado de toda a bancada estadual do PPS, os deputados Cezar Busatto, Iara Wortmann, Paulo Odone e Berfran Rosado, Britto informou que o partido vai aguardar até o dia 30 de abril pelos entendimentos. Até lá, estará aberto a qualquer hipótese de negociação. A partir deste dia, se as negociações não forem acertadas, o partido vai "cumprir com seu dever com o Rio Grande". – Se por qualquer razão a negociação não se concluir e não se chegar a um entendimento que permita que isso realmente dê certo, nós nos consideraremos liberados para ,a partir de 1º de maio, em contato com outras forças políticas, poder cumprir com
nosso dever – afirmou.
Britto não especificou se vai concorrer ao Piratini, caso realmente a Frente Trabalhista não dê certo no Estado. Tentando de esquivar de perguntas sobre sua possível candidatura e sobre os rumos do partido, ele apenas garantiu que, diante do fracasso da aliança, o PPS vai tomar uma atitude, o que pode significar a escolha de um nome do partido para concorrer ao Piratini ou uma aliança com o PTB. – Há um caminho ideal, que é o da Frente Trabalhista. E nós sempre vamos preferir o caminho ideal. Mas o caminho ideal nem sempre é o único. E nós estamos dispostos, se necessário, a trilhar este outro caminho a partir do dia 1º de maio – adiantou o ex-governador. Mesmo sem fazer críticas diretas ao PDT, Britto fez questão de deixar claro o remorso com o partido. O ex-governador ressaltou que "as grandes alianças se fazem de grandes generosidades e da possiblidade de olhar para frente", numa clara alusão ao presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, que não aceita abrir
mão da candidatura do
vereador José Fortunati ao governo do Estado. A crise enfrentada no Estado pela Frente Trabalhista se dá pelo impasse na escolha de um candidato para concorrer ao governo. Brizola não aceita outro nome no lugar de Fortunati. O PTB e, principalmente, o PPS fizeram restrições a Fortunati alegando pouco respaldo eleitoral. Uma possível candidatura de Britto chegou a ser cogitada e teve amplo apoio do PPS gaúcho. Brizola, entretanto, fez duras críticas a Britto e disse que não o aceitaria na chapa ao Piratini. Outros nomes chegaram a ser propostos, como o do senador José Fogaça (PPS), também vetado por Brizola. – O PPS tinha um nome que poderia ser candidato a governador, que tem mais de 35 anos de experiência e aprendeu muito quando perdeu, que sou eu. E eu disse que não preciso ser candidato. Nós do PPS contribuímos muito para um atitude de entendimento – enfatizou. O ex-governador fez questão de salientar que em nenhum momento a
crise foi gerada pelo PPS. Segundo
ele, o partido nunca vetou nada e aceitou várias cogitações de nomes. – Tivemos que suportar incompreensões e esse quadro gerou a crise que se está vivendo (....). Foram seis meses ouvindo muito e dizendo nada. E não foi por falta de vontade e argumentos. Mas sim porque era necessáro esse silêncio para contribuir com o crescimento da Frente – disse Bitto. Britto também salientou que a prioridade de aliança entre os três partidos sempre foi a candidatura de Ciro Gomes (PPS) à Presidência e garantiu que defende a continuação da Frente no Estado. Segundo ele, a Frente Trabalhista gaúcha fortaleceria a candidatura de Ciro, daria uma outra alternativa política ao povo gaúcho e serviria como base para uma futura fusão dos partidos. Ele ainda aproveitou para elogiar a atitude do deputado estadual do PTB, Sérgio Zambiasi, que disse que abriria mão de sua candidatura ao Senado para o bem da Frente. Britto enfatizou a atitude de Zambiasi, dando a entender que
uma aliança com o PTB
pode ser possível.
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