Sob os gritos de "um, dois, três, Lula outra vez!", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou seu discurso na festa do PT dizendo que o encontro tinha forte valor simbólico, pois representava a determinação do partido de manter a cabeça erguida. Numa referência indireta ao projeto da reeleição, Lula disse que o bom seria se acontecesse sem atropelos, mas que na política, como na vida, tudo é mais difícil. Voltou a reconhecer os erros do PT e de petistas e falou na necessidade de pedir desculpas. Logo depois do discurso, Lula saiu da festa, acompanhado de dona Marisa, sem jantar.

– Sempre gostaríamos que as coisas acontecessem sem atropelo, mas imagine o mar sem marolas... não aguentaríamos uma hora. Na política é assim. Sempre tem alguém jogando uma casca de banana, uma pedra para você tropeçar, mas é preciso aprender a lidar com isso. É preciso aprender quando erramos a pedir desculpas. Pedir desculpas é um ato de grandeza. Não podemos execrar os que erraram, porque já diz a sabedoria que errar é humano, só tropeça se der um passo.

Muito aplaudido durante o discurso, Lula disse que vai governar até o limite da lei e cobrou do PT "vontade de brigar".

– Algumas pessoas vivem forçando para que eu diga se vou ou não ser candidato. Eu estou colhendo parte de coisas que plantamos em 2003 e 2004. Eu não posso deixar de governar para entrar numa campanha porque meus adversários querem que eu entre. Vou governar até o limite da lei, vou inaugurar obra. Não adianta se incomodarem. Fui eleito para fazer o que estou fazendo. E vou fazer. Tenho que priorizar o meu governo porque foi para isso que cheguei aqui. Nada de euforia, mas nada de pessimismo. Vontade de brigar é o que não pode faltar para o petista nessa hora – disse Lula.

Mas tentou conter os ânimos dos militantes, dizendo que não é o momento de lançar sua candidatura.

– Hoje é um dia em que não devemos e não podemos fazer um discurso, porque não é uma questão de lançamento de candidatura de quem quer que seja. É um jantar simbólico, porque é a determinação de que ninguém pode fazer nosso partido baixar a cabeça. Eu sei quantas vezes vocês ficaram magoados. O jogo político não pemite que ninguém fique nervoso antes da hora, porque um ou dois adversários estão nos criticando.

No seu discurso, Berzoini voltou a falar que o PT saiu mais forte da crise política, mas reconheceu que ela ocorreu por erros do partido. Num ataque aos adversários, Berzoini disse que a oposição utilizou esses erros para "extirpar" o PT da cena política.

– Aqueles que quiseram nos destruir talvez tenham feito o favor de nos colocar à prova e fazer o PT mais vigoroso, mais capaz para enfrentar as eleições de 2006. Sofremos o maior cerco político da história recente desse país. Que teve raízes e erros em companheiros do PT.

AGÊNCIA O GLOBO