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 | 11/04/2002 09h57min

FMI exige câmbio totalmente livre

O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou ao governo argentino que não intervenha mais no mercado de câmbio, não emita mais bônus ou dinheiro, nem deixe de pagar as parcelas de sua dívida. A instituição também recomenda a adoção de metas de inflação, como fez o Brasil depois da crise de 1999.

“A raiz da crise está nas falhas da política fiscal”, diz comunicado do Fundo divulgado ontem em Buenos Aires. “A estrutura das finanças públicas da Argentina (federal e provinciais) elevou os gastos a um nível no qual já não é possível se financiar de maneira ordenada”. Para o FMI, não é viável “recorrer a financiamento do Banco Central (BC) ou outras formas desordenadas, como a emissão de bônus provinciais e o não-cumprimento dos pagamentos da dívida”.

A instituição se diz “firmemente decidida a ajudar a Argentina a encontrar a forma de sair desta crise e recuperar um crescimento sustentável, com auxílio financeiro, “desde que se prepare um programa sólido”. O FMI também aconselhou o país a alterar as leis que restringem a atividade empresarial. Segundo fontes do governo, o Fundo também propõe uma fórmula para liberar em 2003 o dinheiro retido no corralito (restrição aos saques bancários) por meio de títulos emitidos pelos bancos que seriam negociados em bolsa.

Conforme o jornal Ámbito Financiero, os bancos poderiam adiantar o cronograma atual de devolução de dinheiro do corralito, que vai até 2005. O Fundo também pediu “garantias especiais” de que as províncias de Buenos Aires e Córdoba – as mais endividadas – reduzirão seus déficits fiscais. O fim das intervenções no câmbio e da venda de dólares abaixo do preço de mercado, que conteve a desvalorização do peso, é outra exigência.

O FMI também propõe que o BC intervenha nos bancos insolventes. O governo conseguiu promessa do Banco Mundial (Bird) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de que liberarão US$ 1 bilhão para programas sociais mesmo sem um acordo com o FMI. Nenhum livro de economia recomenda políticas de contração econômica para combater uma recessão, afirmou em Nova York o ex-economista-chefe do Banco Mundial Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia de 2001. Segundo ele, é “hipocrisia que aconselhem e pressionem a Argentina a aplicar essas políticas”:

– Quando há recessão nos EUA, os partidos políticos ficam de acordo em aplicar políticas fiscais expansionistas. O mesmo se recomendou ao Japão.

Stiglitz participou na terça-feira, dia 9, de um seminário de dois dias sobre a Argentina na universidade New School, de Manhattan.

– Parece haver leis econômicas diferentes para a América Latina – frisou, citando denúncia do presidente Fernando Henrique Cardoso, de que o FMI usa sistemas de contabilidade diferentes para a América Latina e para a Europa:

– É quase como se houvesse intenção de usar um sistema para que os resultados pareçam piores.

 

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