O presidente eleito da Bolívia, Evo Morales, que hoje foi empossado como principal autoridade dos povos indígenas andinos, pediu unidade a seus compatriotas e prometeu refundar o país.

– Hoje começa uma nova vida de Justiça e igualdade para o povo boliviano – disse Morales em um discurso no templo de Kalasasaya, no santuário pré-colombiano de Tiahuanaco.

Morales, que no domingo se tornará o primeiro presidente indígena da Bolívia, pediu apoio a todos os setores da sociedade:

– Se não puder avançar, empurrem-me vocês, irmãos e irmãs.

Ele destacou que a vitória por maioria absoluta conquistada em 18 de dezembro nas urnas "não é o triunfo de Evo Morales, é o triunfo de todos os bolivianos, da democracia como expressão de uma revolução democrática e cultural".

O governante eleito agradeceu o apoio da classe média, de empresários e intelectuais, mas também exigiu deles que sintam o mesmo pelos indígenas.

Morales anunciou que, em 6 de agosto, será instalada na Capital constitucional do país, Sucre, uma Assembléia Constituinte, como resposta ao povo que exige a refundação da Bolívia.

De acordo com o presidente eleito, nunca se viu uma concentração como a de hoje em Tiahuanaco. O índio recebeu a benção dos sacerdotes e o cajado que o proclamou presidente de Abiayala, nome original da América segundo os indígenas.

Após o discurso, que antecedeu o ritual místico, Morales recebeu presentes de delegações. Entre as oferendas, o povo aimara lhe entregou um grande colar de ouro. A Nobel da Paz guatemalteca Rigoberta Menchú, enviou uma túnica azul, e a ex-chanceler equatoriana Nina Pacari, uma pintura a óleo.

Morales também recebeu uma bandeira peruana e um cachecol quíchua multicor, além de ponchos, túnicas, mochilas e estandartes maias, dos mapuches argentinos e chilenos, dos charruas uruguaios, dos aborígines norte-americanos e até dos igorot filipinos.

As Mães da Praça de Maio o presentearam com uma bandeira da Argentina.