| 12/01/2006 02h32min
O jeitão calado não denuncia. Mas Ramon, 22 anos, estrela do Grêmio na goleada por 4 a 1 sobre o Veranópolis, ontem, na estréia no Gauchão, saiu de Belo Horizonte no início deste ano com fama de mulherengo e de cometer excessos na noite.
Protegido do sol numa das casamatas do estádio do Veranópolis, cercado de repórteres e exibindo um vistoso brinco de ouro na orelha esquerda, Ramon se disse perseguido pela imprensa mineira.
- O pessoal lá é muito corneteiro. Nem me conhecia direito e saiu dizendo que eu vivia rodeado de marias-chuteiras. Não tem nada disso, meu negócio é só jogar futebol - garante o meia, 1m87cm, primo de Somália, atacante que esteve no Grêmio no ano passado.
Segundo Ramon, foi por confiar nas informações dos setoristas do América-MG, clube em que iniciou a carreira, que Cruzeiro e Atlético-MG não prestaram atenção no seu futebol. O drible vertical e os passes precisos, virtudes já percebidas pelo técnico Mano Menezes nos
treinamentos em Bento Gonçalves, foram o
diferencial na vitória que faz o Grêmio largar na liderança de seu grupo no Gauchão.
- A imprensa é que diz que eu pareço com o Rivaldo e o Giovanni - sorri Ramon. - Vou ficar satisfeito se um dia chegar perto deles.
Até os 34 minutos do primeiro tempo, quando marcou de cabeça o primeiro gol do Grêmio, Ramon enfrentava as mesmas dificuldades do resto da equipe. Sequer encontrava espaço no gramado para dominar a bola, dada a força de marcação do Veranópolis, sobretudo dos zagueiros Renato Tilão e Elizeu.
O gol de cabeça foi a primeira demonstração de uma técnica superior. Ao perceber que Escalona chegava à linha de fundo, Ramon correu para a área do Veranópolis e tirou proveito de sua estatura avantajada para cabecear forte, vencendo o goleiro Marcão.
A partir daí, o meia se soltou. Como havia feito nos treinamentos, tratou de dar velocidade ao jogo, optando pelos toques curtos em vez de conduzir a bola. A 10 minutos do
segundo tempo, Ramon chegou ao fundo e cruzou para
a área. Lipatin girou sobre a marcação e passou para Luiz Felipe fazer o segundo gol.
O melhor veio aos 28 minutos. Ramon ingressou na área adversária a dribles e, quando preparava o arremate, foi derrubado por Renato Tilão. Pênalti que Tcheco converteu.
Aos 32 minutos pediu para sair.
- A virtude dele é acelerar o jogo. Pode ser o meia de ligação do qual está tão carente o futebol brasileiro - entusiasma-se Mano Menezes.
Dono de 50% de seus direitos federativos, Ramon assinou contrato por dois anos com o Grêmio. Só parou no Olímpico por insistência do empresário Paulo Nehmy, o mesmo do centroavante Reinaldo, que garantia ter uma preciosidade nas mãos. A primeira impressão indica que ele tinha razão.
( luis.benfica@zerohora.com.br
)
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