| 22/03/2002 09h53min
Alvo de uma onda de críticas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de presidentes de vários países, o governo argentino admitiu nessa quinta-feira, dia 20, que as avaliações negativas são corretas. Em Montererey, no México, o presidente Eduardo Duhalde considerou “lógico” o comportamento do FMI. Segundo ele, a reação do organismo financeiro era de se esperar, já que “este é um país que não cumpriu seus compromissos, e por isso não gera confiança”.
O chanceler Carlos Ruckauf concordou com as críticas da vice-diretora do FMI, Anne Krueger, do presidente dos EUA, George W. Bush, e do primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznar. Segundo eles, o governo Duhalde teria de realizar reformas pendentes e tomar decisões duras e dolorosas. Segundo o chanceler, as críticas “descrevem uma realidade dolorosa que o governo está tentando modificar”. Em Buenos Aires, o vice-ministro da Economia, Jorge Todesca, admitiu que “há uma lista de coisas que justificam as declarações”.
Enquanto as penitências não comovem o FMI, o governo queima suas escassas divisas para conter a desvalorização do peso. O Banco Central gastou mais de US$ 100 milhões ontem, para manter o dólar cotado a 2,60 pesos. Longas filas se formavam ante as casas de câmbio para a compra da moeda norte-americana. O fantasma da hiperinflação assusta o país. Mantida a tendência de queda na arrecadação tributária e de um grande déficit fiscal, o governo poderá ter de pagar os salários dos funcionalismo público com bônus este mês.
Ontem, anunciou-se que o Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina teve contração de 4,5% em 2001 em relação ao de 2000, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), oficial. Os investimentos internos caíram 15,9% em 2001 enquanto o consumo privado teve queda de 5,8% no período, segundo o Indec.
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